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GASTRONOMIA
INAUGURAÇÃO
Nova casa do pâtissier francês, radicado em NY, abre amanhã
Payard chega a SP com menu de doces e de bistrô
JOSIMAR MELO
COLUNISTA DA FOLHA
As portas de vidro e madeira
não se abrem para o rico burburinho da avenida Lexington de Nova York, e o rio para o qual elas
dão vista está muito longe de ser o
Sena parisiense. Mas o Payard Pâtisserie e Bistrô -uma mistura de
restaurante, doceria e café- que
abre amanhã em São Paulo tem
muito a ver com as duas cidades.
Seu proprietário é o chef pâtissier francês François Payard, 35
anos e terceira geração de confeiteiros da família. Nascido em Nice, doceiro desde a tenra adolescência, ele trabalhou em restaurantes que são ícones da alta gastronomia em Paris (o La Tour
d'Argent -este, sim, em frente ao
Sena- e o Lucas-Carton, de
Alain Senderens). Ao mudar para
Nova York, em 1990, trabalhou
com ícones franceses de lá -o Le
Bernardin e o Daniel- até abrir
sua própria casa em 97.
A que ele abre agora em São
Paulo busca ser uma refração da
matriz. A arquitetura é calcada no
projeto nova-iorquino de David
Rockwell, papa dos projetos de
restaurantes de lá.
A ocupação do espaço segue a
mesma trilha: na frente, as mesinhas do café, ladeadas por balcões
onde ficam os doces de bela arquitetura, além de pães e canapés;
e, atrás, o bistrô, circundado por
um sofá e dominado pelas madeiras escuras, criando a atmosfera
intimista que remete não somente
à matriz de Nova York, mas aos
velhos bistrôs da França mesmo.
Nos Estados Unidos, Payard virou sinônimo de doces requintados, dentro da tradição francesa.
Mesmo chegando jovem ao país,
seu desafio não foi ser o mais moderno e inovador, mas preencher
a gula dos americanos com produtos da qualidade que a alta pâtisserie francesa sabe oferecer,
com delicadezas e harmonias que
fogem ao padrão rústico das tortas de tradição americana.
As mesinhas de seu café americano estão sempre lotadas de gente comendo canapés e doces; além
disso, no subsolo fica a confeitaria
propriamente dita, onde a produção vai muito além do abastecimento da vitrine metros acima: ali
se topa tanto com centenas de docinhos destinados a festas ou a
hotéis, quanto com enormes bolos confeccionados para animar
festas de aniversário do jet-set nova-iorquino.
Mas, ao abrir seu negócio, Payard não pretendia se contentar
com essa produção de doces. Sua
ambição era também proporcionar uma experiência gastronômica completa ao seu público -daí
seu primeiro estabelecimento independente não ser apenas uma
doceria, mas a combinação da doceria com um restaurante.
Em São Paulo, os planos não foram diferentes. O ponto escolhido, entre a avenida Cidade Jardim
e a rua Arthur Ramos, de frente
para o rio Pinheiros, não tem milhares de americanos ricos e turistas maravilhados passando pela
porta dispostos a parar para uma
xícara de café e, digamos, um luxuriante pont neuf (uma tentadora combinação de brownie de
chocolate, mousse de chocolate e
wafer de avelã).
Com seus sócios brasileiros, Filinto Moraes e J. Dávila, ele não só
reproduziu a fórmula da matriz,
como tende a reforçar o papel do
restaurante -ao qual as pessoas
cheguem de carro e contem com a
facilidade do estacionamento amplo e gratuito bem na porta.
Daí a importância da cozinha
que, também supervisionada por
Payard, será tocada por outro
francês já carregado de pedigree:
o chef David Durand, de 29 anos,
até então subchef da casa de Nova
York. Ele também teve uma formação forjada ao lado de grandes
nomes, como Pierre Troisgros e
Pierre Gagnaire. Mas não é a modernidade deste último que ele
deve mostrar em São Paulo, e,
sim, a cozinha mais contida, regional, que pratica em Nova York
-evidentemente atualizada e
adaptada a ingredientes locais.
Assim, num entorno bem francês, os paulistanos que forem ao
Payard comerão terrine de foie
gras, bouillabaise, carré de cordeiro, deixando sempre espaço para
os doces que, além do formato
mais portátil que têm na vitrine,
contarão com versões empratadas, para funcionar como sobremesa no restaurante: das vistosas
tortas de chocolate com coulis de
damasco ao clássico saint-honoré, numa versão perfumada com
kirsch (aguardente de ameixa).
PAYARD PÂTISSERIE E BISTRÔ - rua
Prof. Arthur Ramos, 777, tel. 0/xx/11/
3816-3669. Horário da pâtisserie: de ter.
a dom., das 7h à 1h; bistrô: de ter. a sex.,
das 12h às 15h e das 19h à 1h; sáb., das
12h às 16h30 e das 19h à 1h30; dom., das
12h às 16h30 e das 19h à 0h.
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