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15º Festival Internacional de Arte Eletrônica Videobrasil destaca política e performance
Mensagens políticas
ADRIANA FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Política não é coisa de gabinete.
Pelo menos não no Videobrasil,
onde política se faz com o corpo,
com performances e, principalmente, com o vídeo. O Festival Internacional de Arte Eletrônica Videobrasil, que começa hoje, no
Sesc Pompéia, destaca a performance como tema de sua 15ª edição, mas é o olhar engajado da
maioria dos trabalhos o que chama a atenção na programação.
Até o dia 25, serão exibidas 130
obras, em três panoramas: Estado
da Arte, que reúne artistas consagrados no meio; Investigações
Contemporâneas, com experiências em vídeo; e Novos Vetores, de
jovens realizadores.
A elas, juntam-se nove performances. A predominância é de artistas do hemisfério Sul, foco do
festival, de países da América Latina, da África, do Sudeste Asiático, do Oriente Médio, da Europa
do Leste e da Austrália. "O uso político dessa mídia [o vídeo] é muito recorrente na produção do Sul.
São questões políticas de várias
naturezas", afirma Solange Farkas, 55, curadora e diretora do
evento desde sua criação.
A essa característica, ela atribui
a agilidade do suporte. "É como se
fosse um diário do que está acontecendo no mundo pelos artistas", diz. "Antes, perceber isso era
um processo muito lento. Se Picasso tivesse um vídeo, saberíamos sobre Guernica em uma semana", compara Solange.
Apesar disso, a crise política
brasileira não é tema de nenhum
vídeo ou performance -as inscrições para a mostra haviam terminado quando começaram os
escândalos. "Não tem nada previsto sobre isso. Se vier à tona, pode ser na perfomance da Frente [3
de Fevereiro], que lida com coisas
do cotidiano", acredita.
Segundo a curadora, essa tendência cresce desde a última edição do festival (2003). "A Argentina, por exemplo, tem uma tradição literária forte, mas, depois da
crise, sua produção tomou um rumo totalmente político."
O vídeo "Lucharemos Hasta
Anular la Ley", do argentino Sebastian Diaz Morales, é um exemplo dessa corrente. No filme, que
será exibido dia 21/9, Morales reúne cenas de protestos em Buenos
Aires e critica a forma como eles
são espetacularizados pela mídia.
Outro destaque do evento é o vídeo "In This House", do artista libanês Akram Zaatari (leia entrevista à direita), premiado na última edição do Videobrasil. Zaatari, que é um dos criadores da Arab
Image Foundation -que possui
um acervo fotográfico de países
do Oriente Médio e do norte da
África-, já fez mais de 30 vídeos,
entre curtas e longas-metragens,
videoarte e instalações.
Entre os brasileiros, está Kiko
Goifman, que participa com "Território Vermelho", exibido neste
sábado. No curta, vendedores de
rua munidos com câmeras de vídeo interpelam motoristas nos semáforos, provocando reações
que, em geral, são de desconforto.
"Há uma grande quantidade de
câmeras nos faróis de trânsito. Somos gravados o tempo todo, e
ninguém se incomoda com isso",
diz Goifman, 33.
15º Festival Internacional de Arte Eletrônica Videobrasil
Quando: abertura hoje, às 21h. De
amanhã a dom., das 10h às 21h. Até 25/9
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, Lapa,
SP, tel. 0/xx/11/3871-7700)
Quanto: entrada franca
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