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Vídeo registra memória libanesa
DA REPORTAGEM LOCAL
A memória, seja ela sobre a
guerra que devastou seu país, o
Líbano, ou simplesmente suas
próprias lembranças, além de
questões polêmicas sobre a sexualidade, são temas que permeiam a
obra de Akram Zaatari, 39. Em
"In This House", que será exibido
sábado, Zaatari registra a procura
por uma carta, enterrada no jardim de uma casa por Ali, um militante de esquerda que viveu no local quando os proprietários a
abandonaram, fugindo da ocupação israelense. Confira sua entrevista à Folha.
(AF)
Folha - "In This House" é seu trabalho mais recente?
Akram Zaatari - Sim. Fiz há pouco essa versão em "single channel" [para exibição em TV]. Em
2004, mostrei-o como instalação
no Lift [London International
Fest of Theatre], em Londres, e no
Nam June Paik Award Exhibition,
na Alemanha. "In This House"
tem linguagem híbrida, entre performance, documentário, vídeo e
apresentação em PowerPoint, e
pode ser uma live-performance.
Folha - Esse hibridismo o aproxima da videoarte?
Zaatari - Sou de uma geração
fascinada com o vídeo e com a videoarte, mas hoje vejo limites para isso. Chamo "In This House"
de documentário em duas telas,
para criar uma distância da videoarte gratuita, baseada somente em experimentações formais,
que se tornou moda.
Folha - Assistindo ao vídeo, tive
dúvidas sobre a história...
Zaatari - Tento não inventar. Algumas vezes, me permito introduzir elementos de imaginação,
mas não neste caso. As pessoas
devem se perguntar isso porque a
história é inacreditável, mas ocorreu. Enquanto estavam cavando,
também tive dúvidas se Ali não
estava me enganando.
Folha - Como você o conheceu?
Zaatari - Estava pesquisando documentos de pessoas que tinham
fugido na época da guerra e entrevistei alguns fotógrafos. Foi assim
que encontrei Ali, que hoje é repórter-fotográfico. Perguntei a ele
se conhecia algum documento
dos tempos da guerra, ele sorriu e
contou sobre a carta. Quando
questionei onde ela estava, Ali
disse que continuava enterrada
no jardim da casa.
In This House
Quando: sábado (10/9), às 20h
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