São Paulo, terça-feira, 06 de setembro de 2005

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LITERATURA

Antonio Candido e João Alexandre Barbosa participam de ciclo que aborda multiplicidade do autor modernista

Encontro recupera ecletismo de Oswald de Andrade

JULIÁN FUKS
DA REPORTAGEM LOCAL

Falta um mês para terminar o 50º ano desde a morte de Oswald de Andrade: convenhamos que não se trata exatamente daquilo que se convencionou chamar de uma data especial. Mas nem a quase ausência de efeméride silencia o escritor ou o impede de ser tema de leituras e debates. A partir de hoje e em mais três oportunidades, a obra do modernista será abordada por especialistas, familiares e admiradores no ciclo "Palavra Viva", organizado pelo Sesc Pinheiros.
Um evento literário, sim, mas esforçado em respeitar o vanguardismo eclético do autor em questão. Entre os convidados, presenças indispensáveis como a dos críticos João Alexandre Barbosa e Antonio Candido -que chegou a travar com Oswald, na distante década de 1950, um e outro debate literário- mas também algumas mais inusitadas, como a do ator Pascoal da Conceição, que interpretou Mário de Andrade em recente minissérie da Globo.
"Será uma recuperação da vida e da obra de Oswald de Andrade considerando as diversas linguagens artísticas que ele explorou", explica Beatriz Azevedo, organizadora do encontro. Que haja fôlego, então, porque não são poucas: Oswald é autor de romances, poemas, ensaios, manifestos, crônicas, peças de teatro e outras coisas mais que sua caneta pôde inventar, na produção de uma obra "revolucionária e explosiva", nas palavras de Azevedo.
Uma obra tão abrangente que, entre o debate sobre romances como "Serafim Ponte Grande" ou peças como "O Rei da Vela", caberá até a exploração da música e do cinema, nunca criados de fato por Oswald, mas, segundo Azevedo, prenunciados em alguns de seus livros. "Foi em "Memórias Sentimentais de João Miramar" que Oswald introduziu o corte cinematográfico", diz ela.
Para contemplar essas duas linguagens, foi chamado, entre outros, o músico Cid Campos, filho do poeta concreto Augusto de Campos, para fazer uma apresentação de poemas audiovisuais. E a própria Azevedo, compositora de formação, no último dia dá continuidade à abordagem da música, em apresentação que explora, por exemplo, a obra "Cântico dos Cânticos para Flauta e Violão".
Rudá de Andrade, filho do escritor e um dos participantes do encontro, a dividir a mesa com sua irmã Marília e com Antonio Candido, dispõe ao encontro um peso peculiar: "Ocorre um fenômeno estranho em relação ao Oswald: a cada dia ele se torna mais conhecido, mais famoso, mais citado. Não mais lido. Quem sabe o evento não torna seu público-leitor menos restrito".


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