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LITERATURA
Antonio Candido e João Alexandre Barbosa participam de ciclo que aborda multiplicidade do autor modernista
Encontro recupera ecletismo de Oswald de Andrade
JULIÁN FUKS
DA REPORTAGEM LOCAL
Falta um mês para terminar o
50º ano desde a morte de Oswald
de Andrade: convenhamos que
não se trata exatamente daquilo
que se convencionou chamar de
uma data especial. Mas nem a
quase ausência de efeméride silencia o escritor ou o impede de
ser tema de leituras e debates. A
partir de hoje e em mais três oportunidades, a obra do modernista
será abordada por especialistas,
familiares e admiradores no ciclo
"Palavra Viva", organizado pelo
Sesc Pinheiros.
Um evento literário, sim, mas
esforçado em respeitar o vanguardismo eclético do autor em
questão. Entre os convidados,
presenças indispensáveis como a
dos críticos João Alexandre Barbosa e Antonio Candido -que
chegou a travar com Oswald, na
distante década de 1950, um e outro debate literário- mas também algumas mais inusitadas, como a do ator Pascoal da Conceição, que interpretou Mário de
Andrade em recente minissérie
da Globo.
"Será uma recuperação da vida
e da obra de Oswald de Andrade
considerando as diversas linguagens artísticas que ele explorou",
explica Beatriz Azevedo, organizadora do encontro. Que haja fôlego, então, porque não são poucas: Oswald é autor de romances,
poemas, ensaios, manifestos, crônicas, peças de teatro e outras coisas mais que sua caneta pôde inventar, na produção de uma obra
"revolucionária e explosiva", nas
palavras de Azevedo.
Uma obra tão abrangente que,
entre o debate sobre romances
como "Serafim Ponte Grande" ou
peças como "O Rei da Vela", caberá até a exploração da música e
do cinema, nunca criados de fato
por Oswald, mas, segundo Azevedo, prenunciados em alguns de
seus livros. "Foi em "Memórias
Sentimentais de João Miramar"
que Oswald introduziu o corte cinematográfico", diz ela.
Para contemplar essas duas linguagens, foi chamado, entre outros, o músico Cid Campos, filho
do poeta concreto Augusto de
Campos, para fazer uma apresentação de poemas audiovisuais. E a
própria Azevedo, compositora de
formação, no último dia dá continuidade à abordagem da música,
em apresentação que explora, por
exemplo, a obra "Cântico dos
Cânticos para Flauta e Violão".
Rudá de Andrade, filho do escritor e um dos participantes do
encontro, a dividir a mesa com
sua irmã Marília e com Antonio
Candido, dispõe ao encontro um
peso peculiar: "Ocorre um fenômeno estranho em relação ao Oswald: a cada dia ele se torna mais
conhecido, mais famoso, mais citado. Não mais lido. Quem sabe o
evento não torna seu público-leitor menos restrito".
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