São Paulo, terça-feira, 06 de outubro de 2009

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Pop, plumas e paetês

Visual extravagante e kitsch contrasta com a fama de bons moços dos integrantes da banda norte-americana The Killers, que já foi chamada de "novo U2" e que retorna ao Brasil para uma apresentação em novembro

Divulgação
A partir da esq., Mark Stoermer, Brandon Flowers, Ronnie Vannucci Jr. e Dave Keuning, do Killers

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

A grandiosidade das músicas do Killers, feitas para serem entoadas por multidões, é incorporada pela parte visual do grupo: os cenários dos shows são assumidamente kitsch, com muito dourado-Dubai, arranjos florais de gosto duvidoso; os quatro integrantes não economizam na maquiagem nem em roupas extravagantes.
É uma estética que remete aos artistas do glam rock dos anos 1970 (T.Rex, Bowie, New York Dolls). Mas, diferentemente desses nomes setentistas que se jogavam em polêmicas e fizeram da expressão "sexo, drogas e rock and roll" um clichê, os músicos do Killers seriam incapazes de desarrumar um quarto de hotel.
"Não atiramos TVs pela janela, não nos metemos em confusões, não entramos em polêmicas", diz Brandon Flowers. E acrescenta: "E somos bons em guardar alguns segredos."
Flowers é vocalista e líder do Killers, banda americana das mais bem-sucedidas da década: 13 milhões de cópias vendidas de seus três discos de estúdio.
Esse sucesso, atingido desde "Hot Fuss", lançado em 2004, e conservado até "Day & Age" (2008) fez o Killers ser chamado de "novo U2" -assim como outra banda bem comportada, a inglesa Coldplay.
"Não sei", pondera Flowers à Folha, por telefone. "O U2 é uma banda enorme, eu os admiro. Mas para atingir esse tamanho... Não sei se alguma banda chegará perto deles algum dia. É possível, mas, o que posso te dizer é que, definitivamente, tentamos ser tão bons quanto o U2. Eles conseguem ser experimentais e ainda assim manter seus fãs. É algo que eu quero para o Killers."
No Brasil, ainda falta muito para Flowers chegar a Bono e o Killers, ao U2. Enquanto a banda irlandesa lota duas datas em estádios como o Morumbi, o Killers vai se apresentar, em 21 de novembro, em local mais modesto -mas nada intimista: a Chácara do Jockey, em São Paulo, que tem capacidade para receber 30 mil pessoas.
É a segunda passagem da banda formada em Las Vegas, em 2001, pelo Brasil -a primeira foi em 2007, no Tim Festival.
"Vamos tentar fazer um balanço de todos os álbuns", afirma Flowers sobre o show de novembro. "Mas devemos colocar várias músicas do último [álbum], pois estamos muito orgulhosos dele."
Espera-se que esta visita a São Paulo seja menos conturbada do que a última -o Killers estava escalado para fechar a versão paulistana do Tim Festival. Devido a atrasos no evento, a banda subiu ao palco por volta das 4h de uma madrugada de segunda-feira, em um evento em que acabaram água e comida para o público.
"Me lembro bem desse dia. começamos a tocar às 4h, muito tarde. Foi uma loucura."

Cansados?
Desde 2004 a banda excursiona incessantemente, com poucos períodos de folga. O ritmo da agenda teria levado a banda a um esgotamento emocional, com os músicos brigando constantemente, segundo a imprensa europeia.
"Queremos dar um tempo depois desta turnê", diz Flowers. O último show do ano está marcado para 8 de dezembro, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. "Estamos cansados, mas empolgados em tocar ao vivo. No final do ano vamos ter algumas férias, e aí estaremos novos."
Sobre 2010, o vocalista é misterioso: "Não sei como será. Vamos dar um tempo e, depois, ver o que acontece".
Pouco antes da chegada do Killers ao Brasil, será lançado aqui o DVD "Live from the Royal Albert Hall", que registra uma apresentação na imponente casa londrina. O disco trará ainda um minidocumentário sobre o grupo.


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