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Atriz aprendeu
tiro e perdeu oito quilos
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO
A estréia de Camila Morgado no cinema é um batismo de fogo. Aos 28 anos, ela
protagoniza uma superprodução de época, no papel de
uma figura histórica marcada pela tragédia e pelas contradições.
Para encarnar essa mártir
comunista desde a adolescência em Munique até a
morte na câmara de gás, passando por seu romance com
Luís Carlos Prestes, a atriz
-que trabalhou no teatro
com Antunes Filho e ganhou
fama na TV com "A Casa das
Sete Mulheres"- teve de fazer de tudo.
Além de pesquisar livros e
filmes que tivessem alguma
coisa a ver com o tema, Morgado teve aulas de tiro e de
defesa pessoal.
"Não que isso fosse aparecer no filme, mas para eu
aprender a trabalhar com
uma energia diferente, com
um outro tipo de respiração.
A Olga estava pronta para a
ação. Ela era um soldado. E
eu também tinha que estar
pronta", diz a atriz, que teve
de perder oito quilos para viver os últimos dias de Olga.
Coroando as metamorfoses,
a atriz ainda raspou a cabeça
com máquina zero para representar a personagem no
campo de concentração alemão onde foi morta.
Não foi à toa que a primeira atriz sondada para o papel, Patricia Pillar, acabou
desistindo. Recém-saída de
uma luta vitoriosa contra o
câncer, ela teria de voltar a
mergulhar em experiências
muito dolorosas.
Uma das referências importantes com que a aplicada e meticulosa Camila Morgado trabalhou para compor
sua Olga foi o filme "Rosa
Luxemburgo" (1985), de
Margarethe von Trotta.
"Assim como a Olga, a Rosa [líder comunista alemã
assassinada em 1919] também escondia sua feminilidade sob a capa da guerreira", diz a atriz entre uma tomada e outra, ainda com a
barriga falsa de grávida. "A
Olga que eu estou fazendo
talvez não seja "a" Olga, mas é
a Olga que eu vi nesse tempo
que tive para estudar."
Tanto Jayme Monjardim
como Fernando Morais elogiam a caracterização de Camila Morgado e destacam a
semelhança entre seu olhar e
o que aparece nas fotos de
Olga Benario.
"O que eu gosto na Olga é
que ela se preocupa mais
com a vida do outro do que
com a dela própria. Fazer esse papel é muito bom, mas
também é muito duro. Não
tem como a gente sair sem
marcas", diz.
(JGC)
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