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São Paulo, quinta-feira, 06 de novembro de 2003

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Atriz aprendeu tiro e perdeu oito quilos

DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

A estréia de Camila Morgado no cinema é um batismo de fogo. Aos 28 anos, ela protagoniza uma superprodução de época, no papel de uma figura histórica marcada pela tragédia e pelas contradições.
Para encarnar essa mártir comunista desde a adolescência em Munique até a morte na câmara de gás, passando por seu romance com Luís Carlos Prestes, a atriz -que trabalhou no teatro com Antunes Filho e ganhou fama na TV com "A Casa das Sete Mulheres"- teve de fazer de tudo.
Além de pesquisar livros e filmes que tivessem alguma coisa a ver com o tema, Morgado teve aulas de tiro e de defesa pessoal.
"Não que isso fosse aparecer no filme, mas para eu aprender a trabalhar com uma energia diferente, com um outro tipo de respiração. A Olga estava pronta para a ação. Ela era um soldado. E eu também tinha que estar pronta", diz a atriz, que teve de perder oito quilos para viver os últimos dias de Olga. Coroando as metamorfoses, a atriz ainda raspou a cabeça com máquina zero para representar a personagem no campo de concentração alemão onde foi morta.
Não foi à toa que a primeira atriz sondada para o papel, Patricia Pillar, acabou desistindo. Recém-saída de uma luta vitoriosa contra o câncer, ela teria de voltar a mergulhar em experiências muito dolorosas.
Uma das referências importantes com que a aplicada e meticulosa Camila Morgado trabalhou para compor sua Olga foi o filme "Rosa Luxemburgo" (1985), de Margarethe von Trotta.
"Assim como a Olga, a Rosa [líder comunista alemã assassinada em 1919] também escondia sua feminilidade sob a capa da guerreira", diz a atriz entre uma tomada e outra, ainda com a barriga falsa de grávida. "A Olga que eu estou fazendo talvez não seja "a" Olga, mas é a Olga que eu vi nesse tempo que tive para estudar."
Tanto Jayme Monjardim como Fernando Morais elogiam a caracterização de Camila Morgado e destacam a semelhança entre seu olhar e o que aparece nas fotos de Olga Benario.
"O que eu gosto na Olga é que ela se preocupa mais com a vida do outro do que com a dela própria. Fazer esse papel é muito bom, mas também é muito duro. Não tem como a gente sair sem marcas", diz. (JGC)


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