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LITERATURA
Dalton Trevisan e Bernardo Carvalho repartiram R$ 100 mil do 1º Prêmio Portugal Telecom, anunciado terça
Maior prêmio de ficção estréia dividido
DA REPORTAGEM LOCAL
O maior prêmio literário do
país revelou, em cerimônia agitada, terça à noite, os vencedores de
sua edição de estréia. O 1º Prêmio
Portugal Telecom de Literatura
Brasileira acabou em bola dividida. Os R$ 100 mil do primeiro lugar foram divididos entre Dalton
Trevisan, com "Pico na Veia", e
Bernardo Carvalho, colunista da
Folha, por "Nove Noites".
Sebastião Uchoa Leite, com "A
Regra Secreta", com os R$ 30 mil
do segundo lugar, e "Horizonte
de Esgrimas", do terceiro colocado Mário Chamie, que recebeu R$
20 mil, completaram o "pódio".
Um corpo de jurados que começou com 400 convidados e se afunilou até sete críticos (Flávio Loureiro Chaves, Lucila Nogueira,
Deonísio da Silva, Luiz Costa Lima, Beatriz Resende, Fábio Lucas
e Ítalo Moriconi) escolheu os trabalhos do universo de todos os livros de ficção brasileira publicados pela primeira vez em 2002.
O Prêmio Portugal Telecom,
que será anual, contempla contos,
poesia ou romance, sem divisão.
A lista dos premiados é exemplo.
"Pico na Veia" (Record), de
Dalton Trevisan, 78, reúne 200
minicontos sobre o amor, a vida
cotidiana, a violência. Arredio a
aparições públicas, o chamado
Vampiro de Curitiba não veio.
Já o outro primeiro colocado,
"Nove Noites" (Companhia das
Letras), de Bernardo Carvalho,
43, é um romance, mescla de realidade e ficção em história de um
jornalista que reconstitui o que se
passou com Buell Quain, antropólogo americano morto em
1939, aos 27 anos, na Amazônia.
Os outros premiados defendem
a poesia. Uchoa Leite, 68, o "vice-campeão", reúne em "A Regra Secreta" (Landy) poemas coloquiais, que dialogam tanto com
altos versos de Ricardo Reis quanto com histórias em quadrinhos.
"Horizonte de Esgrimas" (Funpec), de Chamie, 70, por sua vez,
faz poesia em cima do amor, da
religiosidade, da compaixão.
O poeta ficou próximo de não
levar a distinção. Em um primeiro
momento, o prêmio chegou a ser
anunciado só para Carvalho, Trevisan e Leite. Os dois primeiros
dividiriam R$ 130 mil (os R$ 100
mil previstos para o primeiro e os
R$ 30 mil do segundo) e o terceiro
ganharia os R$ 20 mil restantes.
Foi assim que uma auditora da
multinacional Deloitte, que
acompanhou o Portugal Telecom, chegou a anunciar.
Mas logo em seguida foi ao palco o presidente da Portugal Telecom, Eduardo Correia de Mattos,
que disse que os dois vencedores
dividiriam só os R$ 100 mil, cabendo o segundo lugar a Leite e o
terceiro a Chamie. "Agimos com
o regulamento", disse. "A auditoria se confundiu." Procurada pela
Folha, a Deloitte não comentou o
assunto até o fechamento desta
edição.
(CASSIANO ELEK MACHADO)
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