São Paulo, sábado, 06 de novembro de 2004

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RÉPLICA

Opiniões e conclusões

WARDE MARX
ESPECIAL PARA A FOLHA

Sempre achei que a opinião de um crítico fosse apenas isso: uma opinião. Nem me daria ao trabalho de responder se a crítica (Ilustrada, pág. E4, de 21/10) não atacasse a credibilidade de várias pessoas, além da minha.
O livro, lançado como biografia de Maria Della Costa, conta a história da atriz e de seu teatro, tendo como pano de fundo os primeiros três quartos do século 20. Era uma dissertação de mestrado, defendida na USP, orientada por Marco Antônio Guerra e examinada por Mary Enice Ramalho Mendonça e Iná Camargo Costa. Todos gozam de sólida reputação acadêmica e investigaram profundamente as pesquisas que fiz e as conclusões a que cheguei, acabando por aprovar-me com distinção e louvor.
O crítico sabe o que é uma dissertação dessas: nenhuma afirmação pode ser feita sem estar apoiada em fonte anterior. Conjeturas e opiniões pessoais do pesquisador devem ser declaradas como tais. O crítico pode não aprovar a maneira como decidi relatar os fatos ou interpretá-los; dizer que estão errados requer prova.
No início do livro (pág. 9), aviso que não vou narrar trajetórias separadas, mas tecer com elas uma trama, pois não há fatos isolados. Por isso é errado dizer que deixo a biografada "para uma longa digressão". Digo, com todas as letras, o porquê de cada parada ou avanço, sem desvios inúteis. Diz que fui ambicioso, pela quantidade de informações e pelo período extenso tratado. Chamo a isso informar o leitor acerca de um contexto muito turbulento, dando-lhe a idéia, tanto quanto possível, do ritmo e dos fatos desse período. Portanto, falando do modernismo, não há atropelo, caricatura ou equívocos.
Discordar dos pontos que saliento qualquer pessoa pode, até um crítico. Mas apontar algo como erro só por discordar... Elaborei um inédito quadro comparativo com a produção teatral paulistana de sete empresas, de 1948 a 1974, acusado de conter "várias omissões e imprecisões". Ora, ele foi criado a partir de informações extraídas de obras que relatam a história de cada companhia.
Também não pretendi fazer a "análise" do repertório de Maria, mas sua crônica, sem prometer ou oferecer mais do que informações e comentários, ainda que breves, que é o que está escrito (pág. 157)! O texto não tenta fugir ao academicismo, foi escrito assim mesmo, é meu estilo, como prova minha dissertação, que está na biblioteca da ECA-USP. Lá estão índice, referências e farta bibliografia. A editora poderá explicar por que não os publicou.
Também ficou de fora um prefácio em que meu orientador explica que o trabalho, apesar do rigor científico ali embutido, foi feito com paixão, pois é como entendo que se deva tratar tudo em teatro, como atestarão meus atuais e ex-alunos. No mais, mantenho as informações publicadas.


Warde Marx é autor de "Maria Della Costa - Seu Teatro, Sua Vida" (Imprensa Oficial do Estado)


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