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ARTE SEM FRONTEIRAS
Evento continua hoje no ICI
Ruth Cardoso vê portas na globalização
da Reportagem Local
O respeito às diferenças, as portas possíveis para a produção cultural local dentro da globalização e
a arte como ponte de comunicação
entre populações e inclusão foram
os principais pontos da palestra da
primeira-dama Ruth Cardoso,
presidente do Comunidade Solidária, anteontem, em São Paulo.
Sob o tema "A Importância da
Identidade Cultural no Desenvolvimento Social", ela abriu o "1º Fórum de Integração Cultural Arte
Sem Fronteiras", às 20h, no MAM
(Museu de Arte Moderna).
"Por meio da afirmação das
identidades regionais, locais, chegaremos à integração. A arte, as
formas de comunicação, as manifestações estéticas atravessam
fronteiras e períodos históricos",
afirmou para uma platéia de cerca
de 50 pessoas.
A primeira-dama continuou fazendo uma certa defesa da globalização. Citou a frase "pensar globalmente e agir localmente" e o livro
do pensador francês Edgar Morin
"A Comunicação de Massa no Século 20", da década de 60.
"Naquele momento, estávamos
todos com interpretações sinistras
de que a arte, o requinte, seriam
aplastados por essa homogeneização. Mas não há linguagem de
massa se não estiver apoiada em
manifestação específica, localizada. A bossa nova, o tango, tiveram
origem local e foram apropriados,
numa internacionalização que
nem sempre é ruim", disse.
Ressaltou ainda que a globalização financeira foi antecedida pelo
desenvolvimento tecnológico que
acabou com as distâncias.
"Somos um mundo interligado.
Esse desenvolvimento tecnológico
num primeiro momento permitiu
a globalização financeira e produtiva. Procuramos formas de superar regionalismos e, nesse desafio,
incluir os excluídos, apesar das
ambiguidades e dificuldades."
Segundo ela, a globalização abre
portas para a cultura, "pois o particular ganha sentido nesse novo geral, a criação que tem data, local,
origem é valorizada".
Assim, citou programas do Comunidade Solidária como o Universidade Solidária e o Projeto Móvel de Cultura e Meio Ambiente,
realizados no Norte e Nordeste.
"Trata-se de uma caravana cultural, atividades que cabem em caminhões, mas sempre coisas de
qualidade. Essas experiências
mostram que as distâncias não são
grandes porque a recepção é boa e
a incorporação é grande", disse.
Como exemplo, falou do "Quebra-Cabeça" da artista plástica Regina Silveira, que está na Bienal de
São Paulo, formado por figuras
históricas da América Latina.
"O efeito estético pode trazer à
população compreensão e conhecimento de seu mundo. Elas estão
tão distantes do Rio de Janeiro e de
São Paulo quanto de outros países
da América Latina", afirmou.
Falou ainda de um trabalho desenvolvido com artesãos do Nordeste. "Estamos atuando no sentido de criar padrões, ou melhor ajudá-los a ajustar seus padrões tradicionais ao que pode ser comercializado em outras regiões. Estamos
construindo uma ponte que só
funcionará se houver qualidade reconhecida no trabalho."
O fórum continua hoje, no Instituto Cultural Itaú (av. Paulista,
149, tel: 011/238-1700), com palestra do representante da Unesco no
Brasil, Jorge Werthein, às 9h30.
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