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"Turistas" é alvo de boicote na internet
Filme de terror americano que tem o Brasil como cenário para tráfico de órgãos motiva campanha em blogs e por e-mail
Obra será exibida no Brasil com mensagem que repudia a polêmica campanha de marketing americana, que associa o Brasil à violência
LEONARDO CRUZ
EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA
"NÃO ASSISTAM, NÃO DÊEM $$$ A UMA PRODUÇÃO QUE SÓ VISA ACABAR
COM NOSSA IMAGEM." Esse
é o trecho principal, em maiúsculas, de um manifesto que circula na internet pedindo boicote ao filme americano "Turistas", de John Stockwell.
Correntes de e-mails e blogs
têm divulgado nos últimos dias
uma mesma mensagem contra
o filme de terror, que tem o
Brasil como cenário e uma trama na qual um grupo de jovens
vem ao país, é roubado, seqüestrado e cai nas mãos de uma
quadrilha de tráfico de órgãos.
Em "Turistas", cariocas falam
espanhol, e selvas ficam ao lado
de metrópoles.
A autoria do manifesto é incerta -nas correntes de e-mail,
a mensagem é anônima; em
blogs, o mesmo texto é assinado por mais de uma pessoa. A
carta descreve o enredo de "Turistas", diz que "a Embratur está preocupada com a péssima
repercussão do filme lá fora" e
incita os destinatários: "Vamos
fazer deste absurdo, pelo menos aqui no Brasil, um fracasso
total de bilheteria".
"Turistas" estreou nos EUA
na última sexta, sob críticas negativas dos principais jornais
americanos -de modo geral,
foi definido como "entediante".
No final de semana em que estreou em pouco mais de 1.500
salas, o filme terminou em oitavo lugar no ranking de bilheterias, arrecadando U$ 3,5 milhões (quase R$ 8 milhões).
Mensagem ao público
A obra de John Stockwell
chegará às principais capitais
brasileiras em 16 de fevereiro,
mas a Paris Filmes, sua distribuidora nacional, já enfrenta
protestos contra o lançamento
e prepara uma campanha para
dissociar sua imagem da atual
polêmica: promete inserir uma
mensagem ao público no início
do filme, dizendo ser contra peças publicitárias que manchem
a imagem do Brasil.
"Jogaram o nosso país no lixo
em um evento de marketing",
critica Márcio Fraccaroli, diretor geral da Paris, em referência à divulgação de "Turistas"
nos EUA pela distribuidora Fox
Atomic, novo braço da Fox.
A campanha americana inclui o site Paradise Brazil
(www.paradisebrazil.com),
ligado à página oficial do filme.
Além de mostrar mulheres
mortas numa praia, o site traz a
seção "Notícias", que destaca:
1) ações do PCC em São Paulo;
2) seqüestros no Brasil para
tráfico de órgãos; 3) realização
no país de "snuff movies", filmes em que cenas de mortes
são reais; e 4) a revolução musical dos tropicalistas em 1967,
incluindo um clipe de "Panis et
Circensis", dos Mutantes.
Além disso, o trailer americano do filme começa com
americanos se divertindo no
Brasil e a frase: "Em um país
onde tudo é possível, qualquer
coisa pode acontecer".
Fraccaroli afirma que comprou os direitos de exibir "Turistas" no Brasil há dois anos,
quando o roteiro estava pronto. "Sabia que o filme seria rodado em Ubatuba, mas não tinha idéia de que o país teria esse tratamento na divulgação.
Enviei uma reclamação à Fox."
Potencial comercial
O diretor da Paris conta que a
campanha brasileira de divulgação tratará "Turistas" como
uma ficção, fugindo do mote
explorado pelos americanos.
Mas concorda que a polêmica
aumenta o potencial comercial
do filme. "Tudo o que é polêmico no Brasil faz sucesso."
Em nota divulgada na semana passada, a Embratur disse
crer que "o espectador saberá
diferenciar a realidade da ficção", mas que monitora a repercussão do filme nos EUA e
trabalha para "reverter eventuais efeitos negativos".
Na última quinta, o ator Josh
Duhamel, um dos protagonistas de "Turistas", disse no "talk
show" de Jay Leno, na rede de
TV dos EUA NBC, que o filme
não quer afastar os estrangeiros do Brasil e pediu desculpas
ao governo e aos brasileiros.
Opine no blog Ilustrada no Cinema: "Turistas" deve ou não ser boicotado?
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