São Paulo, segunda-feira, 06 de dezembro de 2010

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OPINIÃO

Mostra vive dilema de almejar ser elitista e também popular


GRANDE POLÊMICA DA MOSTRA, A RETIRADA DOS URUBUS APONTA DESCUIDO EM RELAÇÃO AO PÚBLICO

DE SÃO PAULO

A 29ª Bienal de São Paulo terminará no próximo domingo envolvida num dilema que não pode ser ignorado no futuro: o de querer ampliar seu público (chegando a 1 milhão de visitantes -meta frustrada em quase 50%) e manter a complexa linguagem da arte contemporânea.
Resumidamente, querer ser elitista e popular ao mesmo tempo. Essa equação não é simples, e a grande polêmica da mostra, a retirada dos urubus da obra "Bandeira Branca", de Nuno Ramos, aponta o descuido dos curadores e da própria instituição em relação ao público.
Ao colocar essa obra no centro da Bienal, foram os curadores que deram a ela a carga máxima de holofotes.
No século 21, felizmente, é preciso mais do que a autorização de órgãos burocráticos para que a sociedade aceite animais enjaulados.
Pois a instituição, ao invés de tentar diálogo com ONGs e órgãos representativos, ficou na arrogante posição de dona da razão -que até tinha, mas isso não é o suficiente.
Quem trabalha com arte, portanto no campo do simbólico, não podia ignorar tudo o que os urubus representavam. Pois, se a arte contemporânea já é mal vista por muita gente, esse fato apenas contribuiu para reforçar esse estereótipo, o que contradiz o próprio princípio da Bienal.
O caso dos pichadores é similar. A Bienal termina sem uma explicação razoável para a presença desse grupo.
Os curadores diziam que isso seria um tema de debate, o que até agora não ocorreu. Fica a confusão para quem visita a mostra: a invasão, seja na Bienal passada, seja em outros espaços da cidade, como documentado na exposição, merece ser legitimada?
O papel educativo da mostra não se faz apenas por meio do setor encarregado dessa função, mas por sua compreensão em todas as esferas da instituição.(FABIO CYPRIANO)


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