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MÚSICA
Babyshambles, atual banda do ex-Libertines, é uma das apostas para 2005
Pete Doherty luta contra o "botão da autodestruição"
COLUNISTA DA FOLHA
Se o 2005 pop tem uma cara, ela
é inglesa, gordinha, tem um cabelo porcamente cortado e fica grudada ao pescoço de um garoto-problema chamado Pete Doherty.
Ex-figura do Libertines (uma
das "bandas de 2004"), atual
Babyshambles (uma das apostas
para 2005), Doherty, 25, é apontado como um Kurt Cobain na autodestruição, um Morrissey de
rua nas letras, um Sid Vicious na
levada da juventude aos limites.
A história de amizade com Carl
Libertines, o histórico da cadeia
por roubar o amigo, a expulsão da
banda e as idas e vindas às clínicas
de desintoxicação parecem coisas
de um passado distante.
Se ele já era mais famoso por seu
estilo de vida torto do que por sua
música, o guitarrista e vocalista
Pete Doherty atravessa para o ano
novo vendo a Inglaterra de olho e
ouvido grudado no que vai fazer a
sua banda, o Babyshambles.
Na bolsa de apostas informais,
ele continua sendo o "2005's
most-likely-to-die celebrity" (a
celebridade que não deve chegar
viva à 2006). Mas sua excelente
música tem causado uma revolução. É a atual banda mais falada
do Reino Unido, com apenas dois
singles (mal) lançados e um punhado de apresentações confusas.
Isso quando a banda aparece.
O segundo single, "Killamangiro", saiu no fim de novembro pela
Rough Trade. Além da ótima faixa-título, traz uma outra grande
canção, linda de tão sincera e ingênua, toscamente tocada, dentro
do estilo do novo rock inglês. O título é sugestivo e improvável:
"The Man who Came to Stay" (O
Homem que Veio para Ficar).
Juntando com outras que surgiram em raras sessões de rádio,
mais as canções do Libertines que
Doherty canta por direito, o mercado de rua de Camden Town já
vê uns cinco álbuns piratas do
Babyshambles, diferentes, serem
vendidos por um bom preço.
Um dos DJs mais famosos da
Radio One (BBC), Zane Lowe,
disse que a nova música, "Fuck
Forever", vai entrar direto na parada britânica. Os ilustres Bobbie
Gillespie (Primal Scream) e Kevin
Shields (My Bloody Valentine) se
ofereceram para produzir o disco
de estréia, ninguém sabe quando.
Não exatamente um exemplo
de ídolo, Doherty já entrou nos lares ingleses via TV. No último dia
21, ele foi o entrevistado do programa "Newsnight" (BBC Two).
Na pauta estava seu depoimento
sobre o conturbado relacionamento com os amigos, os fãs e o
vício do crack. "Sei exatamente
onde está o botão da autodestruição; eu só tenho que resistir à tentação de apertá-lo." Tocou maravilhosamente a lírica "Music
When the Lights Go Out", canção
de disco do Libertines.
Três dias antes, no final de uma
turnê britânica, o Babyshambles
acabaria a série de shows em Londres, no clube Astoria. Casa lotada desde as 22h. O som rolaria às
24h. Às 2h, o aviso que a banda
não apareceu. Cerca de 200 pessoas invadiram o palco para quebrar os instrumentos. Gente saiu
machucada. No noite do Réveillon, uma horda de meninos e meninas vestidas como Doherty queria invadir o palco em Manchester. Ele fazia um show acústico e a
molecada achava que estava diante de um "beatle".
No começo de 2005, o Babyshambles sai dos clubinhos para
virar banda grande. O quarteto, se
tudo correr bem, sobe ao palco do
Brixton Academy no dia 22/2. Se
Doherty conseguir atender ao
show, será sua consagração. O
ano começará a ser dele.
(LÚCIO RIBEIRO)
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