LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REDAÇÃO

O casal norte-americano Shelly Dunn e Vincent Fremont gravou uma história comum: filha nascida em uma abastada família se revolta e destrói protocolos e esperanças dos pais. Quer dizer, seria banal não fosse a personagem escolhida: Brigid Berlin, a grande musa de Andy Warhol.
O documentário foi premiado no Festival de Los Angeles do ano passado e teve início numa amizade de mais de 30 anos. "Conheci Brigid em Nova York em 1969, após um encontro com Andy Warhol. Ela estava num bar sendo filmada por uma equipe alemã. Fiquei fascinado por ela. Sempre achei que ela tinha uma grande história: era alguém que havia transformado suas obsessões em arte", diz Fremont.
O título original, "Pie in the Sky", é uma espécie de piada interna. A expressão em inglês quer dizer uma vontade ou desejo, mas era também o nome da loja onde eles costumavam comprar doces para o estúdio de Warhol.
Fremont começou a trabalhar para Warhol em 69 e produziu filmes como "Fifteen Minutes" e "Fight". Esta é sua estréia na direção. "Andy foi o homem mais intuitivo que eu já conheci. Foi um visionário, que teve uma interpretação única do mundo."
Brigid inspirou muitas obras de Warhol e, embora tivessem uma relação complicada, nunca deixaram de se falar até a morte dele. O longa mostra as ligações telefônicas de Brigid para Warhol, as brigas com a mãe, sua mania de fotografar em polaróides e os quadros pintados com seus seios.
"Quisemos apresentá-la sem nenhum julgamento. Mesmo com sua compulsão por comer, ela sempre se mostrou para as câmeras com muita sinceridade."
Hoje, com 61 anos, ela continua polêmica: "Brigid é uma atriz natural. O que Andy mais gostava nela era a grande faladora que sempre foi. Acho que podemos chamá-la de uma polemista natural também. Ninguém a descreveria como alguém convencional. Mas nenhuma pessoa convencional tem um filme feito sobre ela".


A HISTÓRIA DE BRIGID BERLIN. Pie in the Sky. EUA, 2000. Direção: Shelly Dunn e Vincent Fremont. Quando: domingo, às 20h, e dia 20, às 2h, no Cinemax.

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