|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÚSICA
"Gauleses Irredutíveis" narra principais fatos da cena rio-grandense contados pelos seus principais personagens
Livro traz história oral do rock gaúcho
ALEXANDRE PETILLO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Gradativamente, a história do
rock brasileiro vem sido contada.
Os principais focos roqueiros do
país começam a ganhar obras,
simples, mas bem elaboradas e
abrangentes. Em meados do ano
passado, a editora Conrad lançou
"O Diário da Turma 1976-1986: A
História do Rock de Brasília", do
jornalista Paulo Marchetti, contando o nascimento de algumas
das principais bandas de rock
brasileiras dos anos 80 que surgiram no cerrado, como Legião Urbana, Capital Inicial, Plebe Rude e
Raimundos.
Agora é a vez da cena roqueira
gaúcha ganhar o seu apanhado de
boas histórias. "Gauleses Irredutíveis", de Alisson Ávila, Cristiano
Bastos e Eduardo Muller, traça toda a história do rock feito no Rio
Grande do Sul, dos anos 50 até os
dias de hoje.
"Um livro como esse não tem
capacidade física de incluir todas
as pessoas que, de alguma forma
ou de outra, foram responsáveis
pela construção da cena gaúcha
desde o final da década de 50, nosso ponto de partida. E, como a
idéia desde o início era dar voz para todas as pessoas possíveis, seja
lá o tamanho da banda, a coisa fica meio com cara de "sem fim'",
afirma Ávila.
"Longe demais das capitais", a
cena gaúcha sempre foi muito falada na mídia especializada, mas
pouco ouvida pelo grande público. Por não repartir o sucesso de
outras cenas roqueiras, algumas
das principais bandas gaúchas
acabaram ficando famosas apenas nos pampas. É o caso, por
exemplo, da extinta Graforréia
Xilarmônica, cujo legado não
cansa de "exportar" sucessos para
as bandas do Sudeste (Pato Fu estourou no ano passado, em todo o
Brasil, com "Eu", música da primeira demo da Graforréia, de
1988. O Ira! regravou "Homem de
Neanderthal", canção da carreira
solo de Frank Jorge, ex-líder da
Graforréia).
Esse elitismo poderia tornar
"Gauleses Irredutíveis" apenas digerível para os gaúchos ou para
aqueles que acompanharam a cena gaúcha de perto. Ávila garante
que o livro agradará a todos os roqueiros brasileiros. "O livro não é
bairrista. Tem o livro que fala sobre tango, o que fala sobre a bossa
nova, o que fala de rock de Brasília
e o que fala sobre rock gaúcho. A
questão é escrever sobre um assunto que se tenha conhecimento,
que está ao nosso redor. O papo
foi mesmo de "ser universal falando do seu canto". Acreditamos
que as pessoas podem se divertir
lendo os "causos" do livro porque
são situações que podem acontecer com qualquer pessoa que tenha uma banda, independente se
é de São Paulo, Rio de Janeiro ou
Manaus."
"Causos" são fartos. Seguindo o
padrão "história oral", imortalizado pelo livro punk "Mate-Me,
Por Favor", "Gauleses"" é dividido
em tópicos, como sexo, drogas,
bastidores, confusões. "Nunca tivemos a intenção de fazer uma
grande enciclopédia sobre o rock,
e sim mostrar o lado divertido da
cena roqueira local. Traduzir um
imaginário, fazer uma homenagem e ainda promover uma reflexão. Não é informação pura e dura. O cara lê e tira suas próprias
conclusões", diz o autor.
Passam pelo livro figuras como
Humberto Gessinger (Engenheiros do Hawaii), Carlinhos Carneiro (Bidê Ou Balde), Nei Lisboa,
Edu K (De Falla), Flávio Basso (o
Júpiter Apple) e Plato Dvorak.
A obra foi sensação da última
Feira do Livro de Porto Alegre,
realizada em novembro de 2001.
"Gauleses Irredutíveis" foi o livro
de autores estreantes mais vendido no evento. No geral, foi o 19º
mais procurado pelo público, na
frente da última publicação do
consagrado e "prata da casa" Luis
Fernando Veríssimo.
Mas por que "Gauleses Irredutíveis""? "Quatro entrevistados fizeram essa analogia entre os gaúchos e os personagens de Asterix.
E como não queríamos um nome
óbvio, optamos por esse. Os gaúchos costumam ter a mesma personalidade explosiva e irônica
desses personagens", diz Ávilla.
GAULESES IRREDUTÍVEIS - De: Alisson
Ávila, Cristiano Bastos e Eduardo Muller.
Editora: Sagra-Luzzatto. Quanto: R$ 22
(267 págs.).
Texto Anterior: Cimena: "Heaven" combina Kieslowski com a nova geração Próximo Texto: Kurt Cobain é tema de duas novas obras Índice
|