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ANÁLISE
Símbolo sexual, Bengell se tornou sólida atriz
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
O aparecimento em "O Homem do Sputnik", em 1959, de
Carlos Manga, era curto, mas
não dava margem a dúvidas:
aquela imitação de Brigitte
Bardot era tão excitante quanto Brigitte Bardot, e por trás dela havia, sem dúvida, uma estrela. Ou um pouco mais: um
símbolo sexual. Em suma, Norma Bengell era mesmo uma
aparição.
Não custou até que isso se
confirmasse. Depois de aparecer em "Mulheres e Milhões"
(1961), de Jorge Ileli, "Os Cafajestes" (1962), de Ruy Guerra,
projetaria Norma Bengell de
uma vez por todas como bela
mulher e atriz talentosa e carismática. Suas qualidades de estrela voltaram a aparecer sem
ambiguidade em "Noite Vazia"
(1964), onde trabalhou com
Walter Hugo Khouri e ao lado
de outra estrela que marcou o
período, Odete Lara.
Na Itália, onde viveu durante
alguns anos por conta de seu
casamento com o ator Gabri-
elle Tinti, não chegou a ter
grandes chances, e seu trabalho
de maior destaque foi no faroeste "Os Cruéis", de Sergio
Corbucci (1967), em que trabalhou ao lado de Joseph Cotten.
De volta ao Brasil, no final
dos anos 60, Norma mostrou-se fiel aos diretores que a haviam mais valorizado no começo de carreira, Khouri e Guerra,
mas ampliou com audácia seu
campo, ao protagonizar o segundo filme de Júlio Bressane,
"O Anjo Nasceu" (1969).
Filmaria com o "outsider"
Antônio Calmon "O Capitão
Bandeira contra o Dr. Moura
Brasil", em 1971, e voltaria a
trabalhar com outro expoente
do cinema dito "marginal", Rogério Sganzerla, em "O Abismo", de 1977, sem nunca perder
seu vínculo com o cinema novo:
aparece com destaque, por
exemplo, em "A Idade da Terra" (1980), de Glauber Rocha.
Atuou também em novelas,
na Rede Globo.
Seu trabalho como diretora é
bem menos relevante, embora
não lhe falte ambição. "Eternamente Pagu" (1987) não superou as dificuldades da adaptação histórica, ao tratar da vida
da escritora Patricia Galvão, dita Pagu, e o que tem de melhor é
a atuação de Carla Camurati
como protagonista.
Seu filme seguinte, "O Guarani" (1996), não mostrou evolução significativa na mise-en-scène e ainda rendeu-lhe problemas judiciais, por questões
contábeis.
Nada que possa afetar a imagem de mulher forte, sensual e
moderna que Norma criou no
primeiro momento de sua carreira, ou de atriz sólida, que firmou a seguir.
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