São Paulo, domingo, 07 de março de 2004

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TV PAGA

Vitalidade é trunfo do bom "Thelma e Louise"

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

É impressionante como os americanos gostam de "Thelma e Louise", ainda hoje. Não há menção ao filme que não o veja como um acontecimento absolutamente revolucionário.
É um pouco demais. Existe, está certo, a tradição do casal em fuga, tipo Bonnie e Clyde. Mas Thelma e Louise não chegam a acrescentar tanta coisa a ela, a não ser o fato de serem duas mulheres (Susan Sarandon e Geena Davis) que estão em fuga e de não serem propriamente criminosas.
Ou antes, o pecado delas foi nascer. Nascer mulher. Tudo o que querem é passar um tempo sozinhas, longe de seus respectivos homens. A sociedade machista não receberá tamanha independência com bons olhos. As mocinhas são vistas como bandidas.
Há algo de muito singelo nisso tudo, que pode se chamar feminismo ou populismo, ou "populofeminismo". É verdade que, em 1991, quando o filme foi feito, a emancipação da mulher já podia ser considerada concluída nas classes mais letradas, e as garotas do filme são operárias.
Ainda assim, essa justificativa é meramente sociológica. O filme resssente-se, aliás, desse aspecto demonstrativo: tudo nele parece existir para comprovar a inviabilidade da cultura machista.
No entanto, é difícil dizer que se trata de um mau filme. Ele toca as questões que pretende, sem se deixar levar pelo piegas. Ele cria heroínas diferentes, mas ambas tocadas por uma vitalidade que contamina os episódios de que participam.
O roteiro conduz os acontecimentos a um desfecho trágico, mas isso não impediu o êxito do filme, tanto que esse desfecho parece inevitável. Enfim, temos aí o caso de um filme acima da média, incensado, porém, além de todas as medidas.


THELMA E LOUISE. Quando: hoje, às 22h, com reprise à 0h30, no AXN.

TV ABERTA

"Regras da Vida" exibe Charlize Theron pré-Oscar

Impacto Profundo
Globo, 13h.

(Deep Impact). EUA, 98, 120 min. Direção: Mimi Leder. Com Robert Duvall, Tea Leoni, Morgan Freeman. Mais uma ficção científica paranóide sobre cometa que entra em rota de colisão com a Terra, o que pode ser o fim da humanidade.

Karate Kid IV - A Nova Aventura
Record, 18h.

(The Next Karate Kid). EUA, 94, 100 min. Direção: Christopher Cain. Com Noriyuki "Pat" Morita, Hilary Swank. O sr. Miyagi conhece garota rebelde e decide ensinar-lhe karatê, o que vai ajudá-la a salvar o namorado de uma encrenca.

Mojave - Sob o Luar do Deserto
Bandeirantes, 20h30.

(Mojave Moon). EUA, 96, 95 min. Direção: Kevin Dowling. Com Danny Aiello, Angelina Jolie. Garota se apaixona pelo homem que lhe dá carona. Este, por sua vez, se apaixona pela dona da casa onde vão bater. E esta tem ainda um namorado. O principal é o elenco.

Agente Vermelho
Globo, 23h45.

(Captured). EUA/Canadá, 00, 95 min. Direção: Damian Lee. Com Dolph Lundgren, Randolph Mantooth. Terroristas roubam submarino russo com a idéia de jogar vírus letal em Nova York e Moscou. Passar bem.

Onde os Homens São Homens
Bandeirantes, 0h.

(McCabe and Mrs. Miller). EUA, 71, 121 min. Direção: Robert Altman. Com Warren Beaty, Julie Christie. Sem conhecer o negócio, McCabe adquire bordel no Oeste. Mrs. Miller o ajuda, e o negócio prospera. O forte é a ambientação, mas o desenvolvimento não está à altura de Altman. Conferível.

Regras da Vida
Globo, 1h30.

(The Cider House Rules). EUA, 99, 131 min. Direção: Lasse Hallström. Com Tobey McGuire, Charlize Theron, Michael Caine. Médico ocupa-se de órfão que se apaixonará por Charlize Theron, que não era ninguém, mas agora tem um Oscar. O filme, porém, é longo e chato. Inédito.

Salomé
Globo, 3h35.

(Salome). EUA, 53, 103 min. Direção: William Dieterle. Com Rita Hayworth, Stewart Granger, Charles Laughton. Versão do episódio bíblico sobre o fim de João Batista nas mãos de Salomé. Elenco suntuoso, e aquela coisa sem ponto de vista de Dieterle. (IA)

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