São Paulo, domingo, 07 de março de 2004

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Criador de "Os Simpsons" pede perdão por episódio sobre o Brasil e comenta o seriado mais longevo da TV na história da TV

Desculpe, Brasil

Matt Groening
O palhaço Krusty, personagem de "Os Simpsons", série que no 15º ano terá um episódio com participação de Matt Groening, o criador do desenho de maior duração na história da TV


CLÁUDIA CROITOR
ENVIADA ESPECIAL A LOS ANGELES

Após 15 anos nos bastidores, Matt Groening, 50, se juntará ao seleto grupo que tem entre seus integrantes Paul McCartney, Elizabeth Taylor, Stephen Hawking, Mel Gibson, os Ramones, Neil Armstrong: vai participar de um episódio de "Os Simpsons".
Criador do desenho animado mais longevo da história da TV, que fez do personagem Homer um ícone da cultura pop, Groening vai aparecer, no papel de si mesmo -como o criador de "Futurama", seu outro desenho-, em um episódio da nova temporada da série, que deve ir ao ar no Brasil no fim do ano.
Aqui, onde é exibido na TV paga pela Fox diariamente às 20h30 (com episódios inéditos da 14ª temporada aos domingos, às 20h30) e pela Globo às 11h30 de sábado, o desenho segue um fenômeno, se não de audiência, ao menos de vendas: cada nova temporada que é lançada em DVD é esgotada em poucas semanas. Em junho, a quarta chega às lojas.
Atualmente com a 15ª temporada no ar nos EUA, Groening diz que não sabe como seria um último episódio da série e diz que hoje, assistindo ao início do desenho, acha tudo "meio bizarro". "Os primeiros episódios parecem desenhados pelos próprios personagens", conta.
O pai dos Simpsons, que na vida real tem um filho chamado Homer, conversou com a Folha em Los Angeles. Até pediu desculpas, em tom de brincadeira, pelo polêmico episódio em que os personagens visitaram o Rio de Janeiro.

Matt Groening - Você é mesmo do Brasil?

Folha - Sim.
Groening -
Puxa. Eu peço desculpas [risos].

Folha - Os Simpsons vão voltar ao Brasil algum dia?
Groening -
Nunca se sabe...

Folha - O sr. já esteve no Brasil?
Groening -
Não, mas eu adoraria ir... Meus pais foram para o Brasil quando eu era criança. Eles trouxeram um disco do Ed Lincoln, você conhece? É meu disco favorito. Chama-se "A Volta". Baixei as músicas na internet e recentemente consegui comprar um.

Folha - Seu disco preferido é brasileiro?
Groening -
Pois é, e o nome não soa nada brasileiro, né? Mas a música é fantástica. E eu adoraria ir ao Brasil. Uma vez, há muito tempo, pediram para ter o Bart em um desfile de Carnaval. Mas pensei: "Ei, não quero que o Bart seja um imperialista cultural" -e disse não. Não sei se me chamariam outra vez...

Folha - Os Simpsons já estão na 15ª temporada. Isso o surpreende?
Groening -
Sempre achei que o programa seria um sucesso, porque adoraria ter tido um desenho assim quando era criança. Mas nunca esperei que fosse durar tanto. Agora estou acostumado e não consigo ver um final para o desenho. Espero que ainda dure por muitos anos.

Folha - O sr. não pensa em como seria o último episódio?
Groening -
Costumava pensar, mas agora não penso mais. Do jeito que o programa é feito, provavelmente faríamos o último episódio sem saber que seria o último. Mas há tantas coisas diferentes que a gente pode fazer, ainda nos surpreendemos com as coisas que os roteiristas inventam.

Folha - E se cansa dos Simpsons?
Groening -
Para falar a verdade, depois de trabalhar no desenho o dia todo, eu não chego em casa louco para assistir ao DVD dos Simpsons. Mas eu ouvi dizer que os DVDs são bons [risos].


A jornalista Cláudia Croitor viajou a Los Angeles a convite dos estúdios Fox


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