São Paulo, terça-feira, 07 de março de 2006

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ARTES PLÁSTICAS

Programa exibe incômoda obra de Farnese

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Farnese de Andrade (1926-1996), nome de singular trajetória nas artes plásticas brasileiras, ainda perturba, como mostra o documentário "Farnese de Andrade - Objetos Autobiográficos", que integra a série "O Mundo da Arte", da Rede SescSenac (passa hoje às 10h).
O documentário se baseia na exposição "Farnese: Objetos", que teve curadoria de Charles Cosac, historiador, crítico de arte e um dos sócios da editora Cosacnaify. A mostra foi exibida no Centro Cultural Banco do Brasil paulistano e carioca no ano passado. A editora também publicou livro-chave sobre o artista mineiro, com ensaio de Rodrigo Naves.
Seus oratórios, gamelas, caixas, objetos de porcelana e bonecas adquirem um outro sentido após a intervenção do artista. Assim, o imaginário católico-barroco e doméstico de Minas Gerais, seu Estado natal -nasceu em Araguari- mescla-se aos restos coletados durante suas caminhadas pela orla carioca -ele se radicou no Rio- e às modificações que ele produzia nos objetos, inserindo fotos de familiares e esqueletos de animais, por exemplo, que resultam em assemblages até hoje incômodas.
Tal intensidade fez com que a mostra ganhasse o prêmio de melhor exposição nacional do ano passado, concedido pela APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte).
De forma bastante clara, Cosac e o crítico de arte Olívio Tavares de Araújo (autor de documentário sobre o artista) relembram passagens complicadas da vida de Farnese, como a morte de dois irmãos durante uma enchente, as dificuldades financeiras de sua família, o temperamento difícil do artista, sua convivência com a tuberculose e o transtorno bipolar.
Artista valorizado tardiamente e que não se filiava a movimentos, a obra pungente de Farnese de Andrade merece mais leituras, como a feita pelo documentário.


Farnese de Andrade - Objetos Autobiográficos
Quando:
hoje, às 10h, na Rede SescSenac


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