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Crítica
Klaus Kinski é a força motriz do filme "Aguirre"
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Talvez a semana seja dedicada pelos canais de TV paga a seres dotados de cega obstinação.
Não é outro o caso de Lope de
Aguirre, de "Aguirre, a Cólera dos Deuses" (Telecine Cult,
22h).
O explorador espanhol buscava o El Dorado -com suas
promessas douradas desde o
nome- na Amazônia do século
17. Aguirre é Klaus Kinski, o
que diminui drasticamente a
distância entre a obstinação e a
demência pura e simples. Kinski é metade do filme, com seu
olhar desvairado e sua capacidade de enxergar o paraíso
muito próximo naquela natureza exuberante que se mostra
a nós (e aos outros da expedição), cada vez mais, como um
completo inferno.
Todos sabemos que, para levar Kinski até o fim da filmagem, Herzog teve até de apontar uma arma e ameaçar de
morte seu inimigo íntimo. O
que dizer mais? Herzog não
precisou disparar. E o resultado foi um dos melhores filmes
do cinema alemão no período
pós-guerra.
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