São Paulo, quarta-feira, 07 de março de 2007

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Mostra recupera inventividade modernista de Flávio de Carvalho

Organizada pelo MAB-Faap, exposição será aberta amanhã no edifício Lutetia

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Flávio de Carvalho, Retratos e Memórias", que será inaugurada, amanhã, no edifício Lutetia, no centro de São Paulo, apresenta uma pequena, mas significativa abordagem da obra de um dos modernistas brasileiros mais radicais.
A mostra parte do impressionante acervo de 12 retratos do Museu de Arte Brasileira da Faap (MAB). Provavelmente nenhuma outra instituição tenha um conjunto tão representativo, com figuras como a atriz Maria Della Costa, o regente Eleazar de Carvalho e Pietro Maria Bardi, entre outros, a maior parte deles realizada no início dos anos 50.
Em meio aos retratos, estão dispostas fotografias de outras atividades realizadas pelo artista, como os cenários que fez para teatro, seus projetos arquitetônicos e a lendária "Experiência Nš 3 - New Look, Um Novo Traje de Verão", ação realizada em 1956, quando Carvalho (1899-1973) desfilou de saia nas ruas de São Paulo.
Na verdade, esta é uma exposição reciclada de outra, com curadoria de Denise Mattar e organizada no Centro Cultural Banco do Brasil carioca e na própria Faap, em 1999, que comemorou o centenário do artista. As fotografias e réplicas na mostra atual foram criadas para a anterior. O termo reciclado não tem caráter pejorativo, já que a exposição proporciona uma oportunidade, rara na cidade, de se entrar em contato com a obra do artista em suas diversas facetas.
Essa nova versão tem curadoria de Maria Izabel Branco Ribeiro, diretora do MAB, instituição com uma coleção bastante ampla -2.500 obras, a maior parte de modernistas ou ex-alunos da Faap, com pouca visibilidade.
"Até agora, não tínhamos um espaço permanente para a coleção. Agora, no Lutetia, contamos com duas salas e pretendemos apresentar o acervo em rodízio", conta Ribeiro.
Entre os destaques da mostra estão as réplicas das máscaras usadas na peça "Bailado do Deus Morto", que o artista apresentou no Clube dos Artistas Modernos, também fundado por ele, com sua companhia Teatro da Experiência, em 1933. Também estão na exposição imagens do conjunto residencial modernista construído na alameda Lorena, nos Jardins, em São Paulo -atualmente desfigurado-, e de sua fazenda Capivari, em Valinhos, construída em 1939.
Sempre polêmico, Carvalho é considerado pioneiro das ações performáticas dos anos 60 e 70 com a "Experiência nš 2", em 1931, quando atravessou uma procissão em sentido contrário e com um chapéu, revoltando os fiéis, que quase o lincharam.
Suas impressões sobre a ação foram publicadas no livro "Experiência nš 2", relançado há seis anos, pela editora Nau.


FLÁVIO DE CARVALHO, RETRATOS E MEMÓRIAS
Quando:
abertura amanhã (para convidados); de seg. a sex., das 10h às 18h; até 28/4
Onde: edifício Lutetia (praça do Patriarca, 78, centro, SP, tel. 0/xx/11/3101-1776)
Quanto: entrada franca


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