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Mostra recupera inventividade modernista de Flávio de Carvalho
Organizada pelo MAB-Faap, exposição será aberta amanhã no edifício Lutetia
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
"Flávio de Carvalho, Retratos e Memórias", que será inaugurada, amanhã, no edifício Lutetia, no centro de São Paulo,
apresenta uma pequena, mas
significativa abordagem da
obra de um dos modernistas
brasileiros mais radicais.
A mostra parte do impressionante acervo de 12 retratos do
Museu de Arte Brasileira da
Faap (MAB). Provavelmente
nenhuma outra instituição tenha um conjunto tão representativo, com figuras como a atriz
Maria Della Costa, o regente
Eleazar de Carvalho e Pietro
Maria Bardi, entre outros, a
maior parte deles realizada no
início dos anos 50.
Em meio aos retratos, estão
dispostas fotografias de outras
atividades realizadas pelo artista, como os cenários que fez para teatro, seus projetos arquitetônicos e a lendária "Experiência Nš 3 - New Look, Um Novo
Traje de Verão", ação realizada
em 1956, quando Carvalho
(1899-1973) desfilou de saia nas
ruas de São Paulo.
Na verdade, esta é uma exposição reciclada de outra, com
curadoria de Denise Mattar e
organizada no Centro Cultural
Banco do Brasil carioca e na
própria Faap, em 1999, que comemorou o centenário do artista. As fotografias e réplicas
na mostra atual foram criadas
para a anterior. O termo reciclado não tem caráter pejorativo, já que a exposição proporciona uma oportunidade, rara
na cidade, de se entrar em contato com a obra do artista em
suas diversas facetas.
Essa nova versão tem curadoria de Maria Izabel Branco
Ribeiro, diretora do MAB, instituição com uma coleção bastante ampla -2.500 obras, a
maior parte de modernistas ou
ex-alunos da Faap, com pouca
visibilidade.
"Até agora, não tínhamos um
espaço permanente para a coleção. Agora, no Lutetia, contamos com duas salas e pretendemos apresentar o acervo em rodízio", conta Ribeiro.
Entre os destaques da mostra
estão as réplicas das máscaras
usadas na peça "Bailado do
Deus Morto", que o artista
apresentou no Clube dos Artistas Modernos, também fundado por ele, com sua companhia
Teatro da Experiência, em
1933. Também estão na exposição imagens do conjunto residencial modernista construído
na alameda Lorena, nos Jardins, em São Paulo -atualmente desfigurado-, e de sua fazenda Capivari, em Valinhos,
construída em 1939.
Sempre polêmico, Carvalho é
considerado pioneiro das ações
performáticas dos anos 60 e 70
com a "Experiência nš 2", em
1931, quando atravessou uma
procissão em sentido contrário
e com um chapéu, revoltando
os fiéis, que quase o lincharam.
Suas impressões sobre a ação
foram publicadas no livro "Experiência nš 2", relançado há
seis anos, pela editora Nau.
FLÁVIO DE CARVALHO, RETRATOS E MEMÓRIAS
Quando: abertura amanhã (para convidados); de seg. a sex., das 10h às 18h;
até 28/4
Onde: edifício Lutetia (praça do Patriarca, 78, centro, SP, tel. 0/xx/11/3101-1776)
Quanto: entrada franca
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