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NETVOX
Moda ainda não cabe na Internet
MARIA ERCILIA
Colunista da Folha
Ainda é difícil comprar um vestidinho pela Internet. As lojas são
poucas, os estoques são pequenos,
a maioria delas entrega só em seu
próprio país.
A indústria da moda é a que
menos demonstra pressa em marcar presença na rede. Talvez porque seja difícil trazer para esse
ambiente pedestre o ritual feminino de comprar uma roupinha,
que nunca se reduz à satisfação
de uma necessidade. Pode envolver um passeio com a mãe, com a
amiga ou sozinha. Pegar a peça
na mão, falar com a vendedora,
provar com um sapato ou outro.
Como adaptar tudo isso ao monótono clic-clac do teclado e aos
monitores mostrando fotos pequeninas e mal definidas? A moda sempre viveu de vender uma
fantasia de privilégio e exclusividade, que cabe mal num monitor
igual a todos os outros.
Há algum tempo, precisei comprar umas roupas para praticar
esporte e resolvi procurar na Internet, mais por curiosidade. Descobri que as marcas esportivas
vendem, e muito, pela Internet. Se
as pessoas estão comprando, isso
já é outro assunto.
Passei uns três dias clicando. Vi
lojas como MountainZone
(www.mountainzone.com), Altrec (www.altrec.com), MooseJaw
(www.moosejaw.com), REI
(www.rei.com) e Boo.com
(www.boo.com). Essa última me
deixou maluca. Gráficos complicados, páginas que não terminavam nunca de carregar e invenções inúteis, como uma "assistente de compras virtual" -uma
personagem de quadrinhos que
soltava comentários inoportunos
de vez em quando.
As melhores lojas vão direto ao
ponto. Catálogos grandes, fotos
que você pode ampliar, tabelas de
medidas e uma busca rápida.
Mesmo assim, é uma experiência mais deprimente que comprar
roupa por catálogo. Sempre faltava alguma coisa -ou não tinha a
cor certa, ou o tamanho, ou o estoque tinha acabado, ou sei lá o
quê. Depois de muito clique, achei
o casaco que queria. Quase. Sem
entrega no Brasil.
Pelo menos serviu para pesquisar, agora encontro a loja que
vende esse modelo e pronto.
Um mês depois, por acaso, achei
o tal casaco, da cor e do tamanho
que queria. Era o último, o único,
precinho bom... Decepção. Não se
parecia nada com o que eu tinha
imaginado. O tecido era pesado,
não caía bem. Ainda vai demorar
para eu me arriscar de novo.
Desde minha tentativa fracassada, a Boo.com melhorou. Livrou-se dos barulhinhos e efeitos
inúteis, ficou mais prática e rápida. Mas ainda está longe de proporcionar uma experiência agradável. Para quem é do ramo, há
muito o que aprender com os erros dessa loja: é uma empresa européia que recebeu um investimento enorme no ano passado e
demorou muitos meses para ser
montada. Foi um enorme fracasso, justamente por causa da dificuldade que qualquer visitante
que não tivesse uma conexão ultra-rápida encontrava. Não é esse
o caminho para traduzir o ambiente de uma loja de verdade.
BlueFly.com
(www.bluefly.com), por exemplo,
tenta compensar a aridez da Internet com artigos de revistas e
comentários de especialistas sobre itens de seu catálogo. Oferece
estilistas famosos, como Prada,
Gucci, DKNY, Calvin Klein. Troca mercadorias em até 90 dias,
vende roupa de homem, adolescente e criança com desconto.
Outros endereços interessantes:
FashionDig (www.fashiondig.com) - Roupas de época. Anos
40, 50, 60... Tem galeria, livraria e
fórum, tudo sobre moda. Para
quem leva a sério.
Dolce & Gabanna - Só para
ver as coleções -e a Giselle. Em
inglês ou italiano.
LuxuryFinder (www.luxuryfinder.com) - Loja de presentes,
vende também alguns acessórios.
Tudo de boa qualidade -e muito caro.
Fashion Wire Daily
(www.fashionwiredaily.com) -
Fofocas, notícias, muitas fotos.
Tudo sobre moda.
Worth Global Style Network
(www.wgsn.com) - Site pago, para profissionais de moda.
Show (www.showstudio.com) - Ainda não estreou. Futuro site do fotógrafo Nick Knight
e do diretor de arte Peter Saville.
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