SÉRGIO RIZZO
especial para a Folha

Havia beisebol em dois dos maiores sucessos de Kevin Costner, "Sorte no Amor" (88) e "Campo dos Sonhos" (89). No primeiro, ele faz um jogador veterano que ensina um novato debilóide (Tim Robbins). No outro, um fazendeiro que recebe um chamado do além.
"Construa-o e ele virá", diz a mensagem. O personagem deduz que a encomenda é um campo de beisebol e, quando o conclui, alguém de fato aparece. Costner dá a impressão de ter feito "Por Amor" em resposta a um apelo desses -"Estrele-o, e o sucesso voltará".
Se foi assim, falhou. Dez anos após virar o bom moço número 1 do cinema dos EUA, só Costner não viu que a onda agora é outra.
Aqui ele é Billy Chapel, arremessador de 40 anos que joga desde sempre na equipe de Detroit, como seu pai. Pouco antes do último jogo da temporada, contra os poderosos Yankees de NY, descobre que seu time foi vendido e que os novos donos querem passá-lo adiante.
Não é a única notícia ruim da manhã. A jornalista nova-iorquina (Kelly Preston) com quem mantém um romance regulado pelos campeonatos informa que está se mudando para Londres -no mesmo dia. Durante o jogo, "flashbacks" lembram como os dois se conheceram e como o relacionamento pautou-se por sua dedicação obsessiva ao beisebol.
O esporte ainda era cercado de romantismo quando se apaixonou por ele, na infância. Mas virou negócio, como o próprio cinema. Ao olhar em volta, ele custa a reconhecer o que o atraiu.
Nas cenas de jogo, "Por Amor" tem a costumeira perícia americana na recriação de esportes. Mas, fora do campo, a lengalenga romântica não sai do lugar. Em vez de identificar-se com Chapel, a tendência é aborrecer-se e torcer para que ele faça logo o mais sensato (o que, porém, demora duas horas).
É curioso que Sam Raimi tenha embarcado nessa após "Um Plano Simples" (98), notável pela concisão. Esqueça a pobre da Kelly Preston: filme e personagem amam mesmo é o esporte.

Avaliação: