|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÚSICA
Crítica/"I Learned the Hard Way"
Com os Dap-Kings, Sharon Jones revitaliza a soul music
Cantora mergulha na música dos anos 1960 e 1970 em seu segundo álbum
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
E la apareceu tarde, quando tinha 50 anos, e muitos acreditavam que o disco que a tornou conhecida seria uma anomalia, uma exceção. Pois Sharon Jones, agora com 53 anos, retorna ao noticiário mostrando que sua carreira é sólida o suficiente -e em curva ascendente.
Após "100 Days, 100 Nights", álbum que em 2007 chamou a atenção do mundo para essa senhora nascida na Geórgia, a cantora lança nesta semana "I Learned the Hard Way", um disco ainda mais consistente e vibrante do que o anterior.
O que coloca Sharon Jones em vantagem em relação a outras cantoras é a banda de apoio -os Dap-Kings, grupo de músicos competentíssimos que dão a Jones acompanhamento adequado à voz profunda.
Outro ponto a favor é o local em que Jones e os Dap-Kings produzem as músicas. Gravam no House of Soul, um estúdio antigo em Nova York recheado por equipamentos analógicos que dão ao som texturas que remetem às gravações feitas pela Stax ou pela Motown.
Jones e os Dap-Kings construíram eles mesmos o House of Soul -Sharon Jones gosta de contar que ela chegou até a instalar as tomadas do local.
Conhecendo a história do House of Soul, Mark Ronson trouxe uma relativamente desconhecida Amy Winehouse para gravar ali partes de "Back to Black". O resto é história.
A carreira musical de Sharon Jones demorou para ganhar fôlego. Quando criança e na adolescência, ela cantava em corais de igreja de Nova York.
Depois, passou a cantar como vocalista de apoio para bandas de black music. Tentou engatar uma carreira solo, mas nenhuma gravadora topou colocar dinheiro para que ela fizesse um disco próprio.
Sua sorte mudou em 1996, quando ela conheceu os Dap-Kings. Sua voz conquistou a banda, e eles gravaram então dois álbuns, "Dap Dippin" with Sharon Jones & the Dap-Kings" (2001) e "Naturally" (2005), que chegaram aos ouvidos do produtor e Mark Ronson e de Amy Winehouse.
Quando lançou "Back to Black" em 2006, Winehouse ajudou a jogar luz para Jones.
Com "100 Days...", Jones excursionou bastante e seus shows incendiários passaram a ser bem comentados. Este "I Learned the Hard Way" é ainda mais potente. Vai mais fundo no mergulho atrás da soul music dos anos 60 e 70, revitalizando o gênero.
Se o mundo fosse um pouco menos injusto, músicas como "Better Things" e "She Ain't a Child No More" seriam sucessos nas rádios e na internet. As duas faixas possuem força, melodia bem construída e uma vitalidade que dificilmente achamos no pop contemporâneo.
Há namoro com o blues (em "Window Shopping") e o funk ("Money"). Mas a principal fonte é a soul music, que ganha interpretações arrepiantes em faixas como "The Game Gets Old" e "I Learned the Hard Way", que iniciam o disco com os sopros dando o tom.
Já "Give it Back" é uma declaração de amor delicada e irresistível. Começa lenta e vai ganhando gás aos poucos.
I LEARNED THE HARD WAY
Artista: Sharon Jones & The
Dap-Kings
Lançamento: Daptone Records
(importado)
Quanto: US$ 8 (sem taxas, na www.amazon.com)
Avaliação: ótimo
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Novos cantores modernizam o gênero Índice
|