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NET CETERA
Diário de prostituta vira filme por "culpa" da internet
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Um dos primeiros e mais
bem-sucedidos romances
serializados publicados on-line
foi "Diary of a Manhattan Call
Girl" (Diário de uma Acompanhante de Manhattan), de Tracy
Quain, que mobilizou a atenção
dos (e)leitores da revista eletrônica "Salon" (www.salon.com).
Bem escrito, sem firulas nem
moralismo, mas com humor,
contava as aventuras de uma
prostituta de luxo (cobrava US$
350 por hora, com restrições no
"cardápio de atividades") na alta
sociedade nova-iorquina, as vantagens do relacionamento com o
poder e a dureza de um meio muitas vezes glamourizado por jornalistas e escritores.
Foi o que bastou para atrair a
atenção de Darren Star. Ele começou a ler os capítulos na "Salon" e
a se corresponder com a autora
por e-mail. Sua idéia inicial era fazer do livro uma série de TV. Para
quem não está ligando o nome à
pessoa, Star deu fama mundial à
coluna de Candice Bushnell no
jornal "New York Observer" ao
transformá-la no seriado "Sexo e
a Cidade".
Foi ele ainda que criou os programas "Barrados no Baile",
"Melrose Place" e "The $treet".
"Call Girl", ele decidiu depois, será sua estréia na direção de um
longa para cinema, e Julia Roberts
é uma das pessoas sondadas para
interpretar o papel-título, da esperta Nancy Chan.
O mérito é da "Salon", uma das
melhores revistas em língua inglesa à disposição do internauta na
rede, que de quebra promete revelar no dia 17 de junho quem é de
verdade o "Deep Throat" (Garganta Profunda), o informante
dos jornalistas Bob Woodward e
Carl Bernstein no caso Watergate.
Não é o primeiro romance serializado pelo site que atrai a atenção (e o dinheiro) de outras mídias. "Silicon Follies" teve os direitos comprados por Hollywood
e "The Color of Love" deve virar
documentário na HBO.
O endereço passou por dificuldades e correu o risco de fechar,
como 101% das empresas do setor, mas começa a se firmar de
uma maneira que pouca gente
achou que daria certo. Há alguns
meses a "Salon" vem oferecendo
sua versão "premium" a assinantes, que somam nada desprezíveis
35 mil pagantes hoje.
Esse ativo permite que a revista
ofereça um bom conteúdo aberto,
um melhor conteúdo fechado e
continue existindo. O equivalente
brasileiro era o excelente No.
(www.no.com.br), que fechou as
portas em abril, talvez pela falta de
visão de investidores e certamente pela indigência econômica de
todos nós.
E-mail: sergiodavila@uol.com.br
Site: www.uol.com.br/sergiodavila
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