São Paulo, sexta-feira, 07 de maio de 2010

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Comentário

Coleção renomada faz com que Picasso alcance valor recorde

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

O recorde de US$ 106,5 milhões (cerca de R$ 187 milhões) para a tela "Nu, Folhas Verdes e Busto", de Picasso, no leilão de Christie's de Nova York, na última terça, não foi um resultado de todo inesperado.
A obra pertencia ao espólio de Frances Lasker Brody, que morreu em 2009 e era viúva do empresário Sidney F. Brody, morto em 1983.
O casal Brody possuía uma das mais importantes coleções de arte moderna dos EUA e esse acervo foi intensamente disputado pela Christie's e pela Sotheby's, quando os herdeiros anunciaram que iriam vendê-lo em leilão. A Christie's ficou com o lote de peças dos Brody graças a um acordo que garantia aos herdeiros um valor, não tornado público, independente do resultado do leilão.
A origem de uma coleção renomada da tela de Picasso ajudou com que a obra alcançasse valor recorde.
Com isso, a expectativa em torno da noite já era grande, mesmo que a estimativa fosse de que a tela do artista espanhol chegasse "apenas" a US$ 80 milhões (cerca de R$ 140 mi). No entanto, não só a tela de Picasso se tornou a obra de arte mais cara vendida num leilão, como os 27 lotes da coleção Brody alcançaram US$ 224 milhões (R$ 392 mi), com venda de 100% deles.
O episódio supera a marca da coleção Victor e Sally Ganz, vendida em 1997, até então recorde da casa. No total do leilão de terça, das 69 peças oferecidas, 56 foram vendidas, alcançando US$ 335,5 milhões (R$ 587 mi).
Não se sabe quem foi o comprador do Picasso, pois o martelo foi batido para uma oferta por telefone, mas alguns dos mais ricos colecionadores disputaram a peça, entre eles o financista russo Roman Abramovich e os norte-americanos Kenneth C. Griffin, de Chicago, e Leslie H. Wexner, de Columbus. Na terça à noite, Edward Dolman, diretor-executivo da Christie's afirmou, segundo o "New York Times", que "o mercado está muito mais forte do que esperávamos, com muitas vendas para a Rússia, a China e o Oriente Médio".
Com US$ 106,5 milhões, Picasso supera o recorde de "Walking Man I" (homem andando 1), escultura em bronze assinada por Alberto Giacometti adquirida por Lily Safra, viúva do banqueiro Edmond Safra, na Sotheby's inglesa, em fevereiro passado, por US$ 104,3 milhões (R$ 182 mi). O recorde anterior, contudo, já pertencia a Picasso, com a tela do período rosa "Boy with a Pipe" (jovem com cachimbo), de 1905, vendida na Sotheby's de Nova York, em 2004, por US$ 104,1 milhão (R$ 182 mi).
Os Brody também possuíam obras de Giacometti e, no leilão de terça, duas peças do artista foram vendidas bem acima do estimado.


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