São Paulo, sexta-feira, 07 de maio de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ANÁLISE

Orquestra viveu impasse cultural e político

DA REPORTAGEM LOCAL

Foi sob o comando musical e administrativo de John Nes- chling que a Osesp se tornou sinônimo de excelência. E também de confusões.
Fundada por Souza Lima, em 1954, a Osesp foi dirigida por Eleazar de Carvalho desde os anos 1970 até sua morte, em 1996. É nesse momento que surge no palco a figura de Neschling, carioca de origem austríaca, que havia feito trilhas sonoras para Hector Babenco e outros diretores.
Quando Neschling chegou, a sinfônica sofria com a falta de uma sede e com a escassez de verbas. Seu objetivo era mudar radicalmente esse quadro de dificuldades. E, com o apoio de parte do PSDB paulista, conseguiu levar o plano adiante.
A Osesp de hoje está diretamente ligada ao projeto de restauração da Estação Júlio Prestes e à inauguração da São Paulo, em 1999. Novos músicos chegaram, e tiveram início as turnês internacionais, o resgate de obras brasileiras e a gravação de CDs.
Mas não demorou para que certa desafinação começasse a vir a público. Em 2001, sete músicos foram demitidos por questão de "disciplina" e 70 dos 80 integrantes da orquestra assinaram uma carta contra a "aspereza no trato".
Em 2003, a então secretária da Cultura, Claudia Costin, tentou reduzir o salário do maestro. Sem sucesso. E as saias-justas só aumentavam.
O maestro chegou a chamar Serra de "menino mimado" e "autoritário" num vídeo que circulou no YouTube, e o secretário João Sayad tentou cortar parte do orçamento. E, como o presidente da Fundação Osesp, é Fernando Henrique Cardoso o impasse cultural tornou-se, também, um impasse político. A solução só viria com a demissão de Neschling, em janeiro de 2009. (ANA PAULA SOUSA)


Texto Anterior: Osesp procura músicos pelo mundo
Próximo Texto: Comentário: Coleção renomada faz com que Picasso alcance valor recorde
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.