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ANÁLISE
Orquestra viveu impasse cultural e político
DA REPORTAGEM LOCAL
Foi sob o comando musical e
administrativo de John Nes-
chling que a Osesp se tornou sinônimo de excelência. E também de confusões.
Fundada por Souza Lima, em
1954, a Osesp foi dirigida por
Eleazar de Carvalho desde os
anos 1970 até sua morte, em
1996. É nesse momento que
surge no palco a figura de Neschling, carioca de origem austríaca, que havia feito trilhas
sonoras para Hector Babenco e
outros diretores.
Quando Neschling chegou, a
sinfônica sofria com a falta de
uma sede e com a escassez de
verbas. Seu objetivo era mudar
radicalmente esse quadro de
dificuldades. E, com o apoio de
parte do PSDB paulista, conseguiu levar o plano adiante.
A Osesp de hoje está diretamente ligada ao projeto de restauração da Estação Júlio Prestes e à inauguração da São Paulo, em 1999. Novos músicos
chegaram, e tiveram início as
turnês internacionais, o resgate
de obras brasileiras e a gravação de CDs.
Mas não demorou para que
certa desafinação começasse a
vir a público. Em 2001, sete
músicos foram demitidos por
questão de "disciplina" e 70 dos
80 integrantes da orquestra assinaram uma carta contra a "aspereza no trato".
Em 2003, a então secretária
da Cultura, Claudia Costin,
tentou reduzir o salário do
maestro. Sem sucesso. E as
saias-justas só aumentavam.
O maestro chegou a chamar
Serra de "menino mimado" e
"autoritário" num vídeo que
circulou no YouTube, e o secretário João Sayad tentou cortar
parte do orçamento. E, como o
presidente da Fundação Osesp,
é Fernando Henrique Cardoso
o impasse cultural tornou-se,
também, um impasse político.
A solução só viria com a demissão de Neschling, em janeiro de
2009.
(ANA PAULA SOUSA)
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