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POLÍTICA CULTURAL
Ministério está às voltas com comercialização fraudulenta e com pouco espaço dos filmes nacionais nas salas
Governo ataca sonegação no cinema
RUI NOGUEIRA
em São Paulo
O Ministério da Cultura festeja o
sucesso do cinema nacional dentro e fora do país, mas, no momento, está às voltas com pelos
menos dois problemas: a comercialização fraudulenta (sem registro) de produtos audiovisuais e o
espaço exíguo destinado ao filme
brasileiro pelos exibidores.
O registro dos produtos audiovisuais é a fonte de recursos do ministério para incentivar o cinema
nacional por meio de concursos
públicos.
Em entrevista à Folha, o secretário do Audiovisual, Moacir de Oliveira, disse que, só neste ano, já
foram detectados pelo menos mil
títulos sem registro e que estão
sendo comercializados pelas TVs
por assinatura.
A exibição está em questão porque há resistência em abrir espaço
para colocar em cartaz o cinema
brasileiro.
A cota de tela é difícil de conferir
-apenas 300 das 1.100 salas do
Brasil têm controle informatizado- e, agora, há uma proposta
polêmica no bastidor.
Os multiplex (centros de cinema
com várias salas de exibição) querem, em vez de cumprir a cota de
tela, fixada pelo ministério em 49
dias/ano para o cinema nacional,
separar um sala só para o cinema
brasileiro.
Leia a seguir, os principais trechos da entrevista:
Folha - Com o cinema brasileiro
ganhando prêmios lá fora e fazendo sucesso junto ao público aqui
dentro, qual é o modelo de apoio
do Ministério da Cultura?
Moacir de Oliveira - Temos três
ações que podem ser classificadas
como estímulo a novos talentos e
de aperfeiçoamento. A intenção é
criar novos pensadores do cinema
brasileiro.
A primeira ação concreta é o prêmio permanente para filmes de
curta-metragem. A segunda é o
concurso de roteiros, a busca de
novas histórias. E, em convênio
com a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), mais um dinheiro do nosso orçamento, temos um
concurso que empresta recursos,
por meio de financiamento, às empresas brasileiras de produção independente para desenvolvimento
de projetos audiovisuais.
Folha - O ministério está se transformando em produtor?
Oliveira -De jeito nenhum. Cada proposta para desenvolvimento
de projetos pode financiar até R$
80 mil, com juros que não chegam
a 2% ao ano, três anos de carência
e mais dois para pagar. Esse dinheiro é para desenvolver e aperfeiçoar os projetos, fazer coisas como pesquisar mercado, fechar
acordos de co-produção, fazer
pesquisa de época e até melhorar a
divulgação do filme.
Os concursos de roteiros e desenvolvimento de projetos são
realizados três vezes ao ano. O de
curtas, uma vez ao ano.
Folha - Não há concentração de
incentivos no eixo Rio-São Paulo?
Oliveira - Estamos tentando
criar parâmetros de diversificação,
mas o primeiro critério será sempre não criar limitações à criação.
A primeira exigência é a qualidade.
Estamos pensando em incentivar a
regionalização, não para sair do eixo Rio-São Paulo porque a produção aí sempre será maior, mas para
ter essa diversidade e a presença do
Estado em todo o território.
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