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POLÍTICA CULTURAL
"O Estado tem que se fazer mais presente'
da Sucursal de Brasília
Leia a continuação da entrevista
de Moacir de Oliveira, em que trata de investimentos e cota de exibição de filmes nacionais.
Folha - Qual é a fonte de recursos
para dar esses incentivos?
Oliveira - A linha do Ministério
da Cultura é muito clara. Isso não
pode mais ser feito só com recursos do Orçamento da União. Temos de criar fontes alternativas.
Hoje, a fonte é o registro dos contratos. Todos os produtos audiovisuais têm de ser registrados no ministério e pagar uma taxa por segmento. O filme "Titanic", por
exemplo, pagou R$ 1.000 para ser
exibido nos cinemas brasileiros.
Para ser comercializado na TV
aberta, na TV por assinatura e nas
videolocadoras, mais R$ 3.000
-R$ 1.000 por segmento. Portanto, "Titanic" pagou uma taxa de
R$ 4.000 para ser comercializado
nos quatro mercados.
Nenhum produto pode ser comercializado sem o registro e o pagamento dessa taxa, mas a evasão
está grande. Não acho que as pessoas tenham vocação para operar
na ilegalidade e admito até que
houve uma inércia do Estado, que
precisa se fazer mais presente.
Folha - O sr. tem números dessa
evasão que, na prática, significa
sonegação de recursos?
Oliveira - Em 94, quando estava
começando a TV a cabo, foram registrados mais de 7.500 títulos.
Ano passado, apenas 1.700 títulos.
Tem alguma coisa errada. E nós já
detectamos que, só nestes primeiros meses do ano, mais de mil títulos que não foram registrados estão sendo comercializados. Estamos investigando. Normalizada a
situação, esperamos ter mais recursos para facilitar o acesso ao
mercado dos produtores desconhecidos, facilitar a vida de diretores estreantes, incentivar pesquisas de linguagem.
Folha - A Secretaria do Audiovisual está negociando convênios
para fazer investimentos com o
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e
com o Ministério do Trabalho. O
que há de concreto?
Oliveira - Até julho devemos ter
definido o formato das bolsas de
estudo para aperfeiçoamento técnico. Com o Ministério do Trabalho, está em planejamento a criação de um programa de treinamento em três áreas básicas: técnica de suporte (maquinaria, eletricidade), técnica da produção da
imagem (fotografia, por exemplo)
e área de gerenciamento, administração e elaboração de projetos.
Folha - Como será o investimento, via BNDES, em salas de cinema?
Oliveira - A idéia é recuperar e
aparelhar, com a melhor tecnologia, 30 salas de cinema. Para facilitar o investimento, queremos que
esse trabalho seja feito em salas já
existentes, mas que, por motivos
diversos, estão fechadas ou funcionam muito precariamente.
Folha - Em que pé está a cota de
tela e que proposta é essa dos exibidores quererem criar uma sala
só para o cinema brasileiro?
Oliveira -Isso de uma sala só para o cinema nacional foi uma consulta informal feita pelos exibidores dos conjuntos multiplex. Nesses multiplex, em vez de todas as
salas terem de cumprir a cota de
tela de 49 dias por ano de exibição
de filmes brasileiros, haveria uma
sala exclusiva para eles. Mas o Estado também não pode abrir mão
de criar regulagens para estimular
a exposição do produto brasileiro.
Das 1.100 salas brasileiras, 300 estão ligadas ao Sicoa (Sistema de Informatização e Controle de Obras
Audiovisuais) -é possível, nestas, conferir o cumprimento da lei
da cota de tela. Fixamos a cota de
tela em 49 dias, partindo do princípio de que é nossa função lutar pela visibilidade do cinema nacional.
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