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CINEMA / ESTRÉIA
Estréia hoje no Brasil "Quarto do Pânico", novo filme do diretor David Fincher, com Jodie Foster
Medo entre quatro paredes
Divulgação
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Cena do filme "Quarto do Pânico", a partir de hoje nos cinemas |
ADRIANE GRAU
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES
Se você acha que sua casa é um
porto seguro, onde nada pode lhe
acontecer, "Quarto do Pânico"
chegou para mudar essa impressão. Em seus filmes anteriores como "Seven - Os Sete Crimes Capitais" e "Clube da Luta", o diretor
David Fincher, 40, já tinha mostrado que gosta mesmo é de meter medo nas pessoas. Desta vez
faz isso ao mostrar a divorciada
Meg Altman (Jodie Foster) presa
em casa e defendendo a sua vida e
a da filha contra um grupo de assaltantes.
Ele conversou com a Folha sobre "Quarto do Pânico" antes de o
filme estrear com sucesso nos Estados Unidos.
Folha - Faz muito tempo que a paranóia lhe interessa enquanto tema?
David Fincher - A paranóia não é
o tema do filme. Estou interessado em engajar o público. É um filme sobre heróis, sobre vingança,
sobre divórcio.
Folha - Também é como um jogo
de gato e rato.
Fincher - Sim, é sinistro e acaba
sendo também um pouco violento. Não tem nenhuma explicação
sociológica mais profunda.
Folha - Você filmou a história praticamente em tempo real. Quase
tudo acontece entre 1h e 4h. Não é
monótono filmar nesse ritmo?
Fincher - Não quis que o processo me assustasse, mas claro que,
depois de tantos dias filmando na
mesma casa, estava ficando meio
monótono para mim. Deu uma
certa ansiedade.
Folha - Como você decidiu o visual que a casa teria?
Fincher - Quis que fosse clássica
e meio antiga. Não quis que parecesse mal-assombrada, mas sim
que tivesse um ar de casa usada,
onde as pessoas moraram por
muitos anos. Quando ela começa
a ser destruída, o público fica chateado, pois sabe que é uma casa
sólida. Isso ajuda os invasores a
parecerem mais intrusos ainda.
Folha - Seus filmes inovaram com
imagens fortes e gráficas. Qual era
sua ambição neste âmbito ao decidir fazer "Quarto do Pânico"?
Fincher - O que me atraiu foi o
conceito de fazer um filme inteiro
dentro da mesma casa. Mas a realização do conceito não foi nem
um pouco divertida. Passar tanto
tempo no mesmo cenário foi um
pouco monótono.
Folha - Como você decidiu que clima o filme teria?
Fincher - Eu achei que logo de
cara havia duas maneiras de fazer
este filme. A primeira teria sido
meio "A Bruxa de Blair". Neste
caso eu teria sido mais parte do
filme através da câmera mais ativa. Mas achei por fim essa opção
muito subjetiva e optei por fazer
um filme mais objetivo e analítico. Gosto da idéia de que a câmera
pode ir a qualquer lugar, ver tudo.
O público pode ver através das
paredes, do chão e mudar de andar a qualquer momento. Por
causa disso, acaba vendo coisas
que não queria. E, já que tem essa
perspectiva mais objetiva, a câmera não pode ajudar as pessoas.
Faz o público ter de assistir passivamente. Acho legal que o público fique nervoso e queira ajudar,
mas não possa.
Folha - Como foram escolhidos os
prédios que aparecem na sequência de abertura com os créditos?
Fincher - São edifícios que tivemos permissão para filmar. Começamos no Village e fomos indo
para áreas mais abastadas de NY.
Folha - Você aceita improvisos ou
se atém ao roteiro?
Fincher - Eu não improviso, mas
aceito que os atores improvisem.
Leto improvisou o tempo todo.
Folha - Como é trabalhar com Jodie Foster?
Fincher - É um prazer trabalhar
com alguém que sabe fazer seu
papel, é a atriz perfeita, não fica
analisando o significado das cenas. É como Sigourney Weaver,
com quem aprendi muito no meu
primeiro filme ["Alien 3]". Ela me
dizia que só queria saber o que tinha que fazer. Acabei me tornando um subproduto dessa experiência. Dou instruções precisas,
quase como numa coreografia.
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