São Paulo, segunda-feira, 07 de junho de 2004

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FILMES

SÉRIE

"Whoopi" não leva os EUA sempre a sério

DENISE MOTA
EDITORA-ASSISTENTE DA ILUSTRADA

Não se passou nem um minuto, e já voaram tomates em direção ao policiamento mundial contra o fumo e à paranóia com relação a imigrantes de origem árabe nos EUA pós-11 de Setembro.
O primeiro episódio da série a que a atriz Whoopi Goldberg empresta seu nome estreou para 15,1 milhões de americanos há nove meses, mas não há planos de que volte ao ar por lá, para uma segunda temporada. Aqui, o programa chega hoje à TV paga.
Goldberg estrela e é produtora-executiva (ao lado dos criadores de "The Cosby Show") dessa história de uma dona de hotel modesto que tem como empregado um iraniano e como hóspede involuntário o irmão almofadinha, recém-demitido da Enron (deixa para risos) e namorado de uma garota branca que pretende se passar por negra abusando dos trejeitos e roupas supostamente típicos das "afro-americanas".
"Whoopi" tem ritmo, atores desenvoltos e uma Nova York habitada por gente comum. A série é milimetricamente planejada para provocar quando faz a caricatura ao revés de seus personagens, ao transformar minoria em maioria ou a expressão assimilada dos negros dos EUA (o falar alto com o indispensável balanço da cabeça, o figurino insinuante) em armadura de presumida autenticidade, mas já vazia de significado.
São alvos de riso ainda a "fé na América" e, claro, Bush e sua inteligência sempre questionável.
A crítica americana viu o programa como um humorístico engajado, mas não divertido o bastante. Ao fim da temporada, a série registrou apenas um terço da audiência que conseguiu no primeiro episódio.
Perspicaz, atento ao noticiário recente, afiado, o show de Goldberg poderia ser uma descompromissada alternativa para o americano rir de si mesmo e de suas instituições. Mas essa piada, pelo jeito, não teve graça.


WHOOPI. Quando: estréia hoje, às 20h, no Sony.

Começar tudo de novo

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Todo mundo gostou de "O Homem sem Passado" (Cinemax, 12h15), que me pareceu um dos filmes mais decepcionantes dos últimos tempos.
Não é apenas pela história do homem que, após ser espancado, perde a memória e, com isso, começa uma nova vida.
A idéia de começar tudo de novo, zerado, é sempre atraente. O homem vem purificado do mundo e de si mesmo. Como as crianças.
Ok, mas a mise-en-scène de Aki Kaurismäki me pareceu meramente burocrática. Como se a ele também o personagem soasse meio vazio e não lhe restasse nada senão empurrar o filme com a barriga.
Mas, como todo mundo gostou, o melhor nesses casos é rever, com espírito desarmado. E descobrir se existe algo que não consegui ver da primeira vez.

As Novas Aventuras do Superman
SBT, 14h30.

(Lois & Clark). EUA, 1993. Direção: Robert Butler. Com Dean Cain, Teri Hatcher, Lane Smith, Michael Landes. Episódio de série para TV. O piloto, provavelmente, pois se trata aqui das origens de Superman. Entre outras coisas, o filme trata de como surgiu o célebre uniforme e por que sua identidade deve permanecer secreta.

Beethoven 2
Globo, 15h45.

(Beethoven's 2nd). EUA, 1993, 86 min. Direção: Rod Daniel. Com Charles Grodin, Bonnie Hunt, Nicholle Tom. Seqüência do filme dedicado a Beethoven, o cão, feito em 1992. Aqui, Beethoven é separado de sua amada. Mas procurará encontrá-la. Enfim, vale mais que "Um Grande Amor de Beethoven", que era dedicado ao compositor. Diversão familiar.

Instinto Radical
Globo, 22h25.

(Cutaway). EUA, 2000, 104 min. Direção: Guy Manos. Com Tom Berenger, Stephen Baldwin, Dennis Rodman, Ron Silver. Bambambã da polícia cai em esparrela, desmoraliza sua equipe, é afastado do serviço. Aí tentará por conta própria prender os criminosos que destruíram sua carreira. Inédito (mas o que isso tem de inédito?).

Dr. T e as Mulheres
SBT, 1h45.

(Dr. T and the Women). EUA, 2000, 121 min. Direção: Robert Altman. Com Richard Gere, Helen Hunt, Farrah Fawcett. O dr. Travis é um bem-sucedido ginecologista -e bonitão ainda mais bem-sucedido. É homem de vida pacata. Mas as pacientes não se cansam de dar em cima dele. Talvez Altman tenha feito o filme pelo prazer de trabalhar com Gere. Não há muito outra explicação, pois a coisa ficou meio sem eira nem beira.

Intercine
Globo, 2h25.

O favorito dos votantes foi "Feitiço da Lua" (1987, de Norman Jewison, com Cher e Nicolas Cage), que abre programação especial em comemoração ao Dia dos Namorados, apenas com filmes românticos. No resto da semana, para votar no primeiro filme, liga-se 0800.70.9011; o número para votar no segundo filme é 0800.70.9012 (o que vale em todas as sessões, de segunda a sexta).

Intriga Mortal
SBT, 3h25.

(Poodle Springs). EUA, 1998, 100 min. Direção: Bob Rafelson. Com James Caan, Dina Meyer, David Keith, Tom Bower. Telefilme, sim, mas não standard. Além de um diretor de prestígio, o filme tem um roteirista de prestígio (Tom Stoppard) e narra uma história de Philip Marlowe, o detetive criado por Raymond Chandler. Aqui, casado com a filha de um milionário, ele se verá às voltas com mistério que envolve, entre outros crápulas, o milionário em pessoa. Quem interpreta Marlowe é James Caan, ator de pouco prestígio, mas muitas virtudes. (IA)

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