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Timidez criativa marca primeiros dias do Fashion Rio
Redley, Salinas e Juliana Jabour foram destaques no início do evento carioca, que começou domingo e termina amanhã
O mesmo vestido-bolha foi visto em várias passarelas. Não fossem estampas e detalhes, seria complicado ligar as grifes às suas criações
ALCINO LEITE NETO
VIVIAN WHITEMAN
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO
Com imagens femininas ingênuas, baseadas numa visão
romantizada do visual despojado e natural, os desfiles dos três
primeiros dias da temporada
de verão 2008 do Fashion Rio
(que começou domingo) foram
marcados pela timidez criativa
e apresentaram um sério problema de repetição de fórmulas
e falta de personalidade. As coleções exibiram variações mínimas dentro de um restrito
pacotão de tendências.
O mesmo vestido-bolha, por
exemplo, foi visto em várias
passarelas. Não fossem estampas e detalhes de acabamento,
seria complicada a tarefa de ligar as grifes às suas respectivas
criações. Mesmo com as questões financeiras e de mercado
relacionadas à moda, nada justifica tamanha falta de idéias.
Nos três primeiros dias do
evento, a Redley, a Salinas e Juliana Jabour foram das poucas
grifes que buscaram um viés
mais autoral e inventivo.
Com um visual mais limpo, a
Redley mostrou uma coleção
com pegada esportiva, principalmente na primeira metade
do desfile, onde predominaram
os brancos e as formas mais
adaptadas aos contornos do
corpo. Depois, surgiram estampas e aplicações de formas geométricas, com certo ar retrô e
inspiração construtivista.
Juliana Jabour voltou a investir na viscolycra, mas pontuou o desfile com boas peças
em tecidos mais sofisticados,
que poderiam ter sido mais
bem explorados. O charmoso
minivestido com laçarote gigante usado por Michele Provensi é um bom exemplo do
que a designer poderia explorar
paralelamente às peças mais
óbvias. Juliana sabe deixar as
mulheres bonitas sem esforço,
só falta soltar os freios.
A grife de moda praia Salinas
apresentou uma coleção com
boas idéias, mas irregular. Os
choques de estampas ora renderam imagens divertidas e
criativas, ora transformaram as
peças em fantasias descontroladas. Os maiôs, em geral, foram mais felizes. A coleção tem
o mérito de buscar novas idéias.
A Maria Bonita Extra não
empolgou, com uma coleção
correta, mas apagada, bem distante da diversidade de belas
estampas e modelagens espertas de outras temporadas. A
Colcci mostrou sensível melhora nos looks masculinos,
com uma cartela de cores mais
acertada. Os femininos, porém,
ainda deixam a desejar em termos de design.
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