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DEPOIMENTO
Eu me sinto culpado pela extinção do jacarandá
SERGIO RODRIGUES
ESPECIAL PARA A FOLHA
Eu me considero o assassino do jacarandá. Porque usei
essa madeira a dar com pau.
Nessa época, nos anos 60, tinha jacarandá na esquina.
Eu me sinto absolutamente culpado pela extinção do
jacarandá. Mas eu não sabia
desse risco. Todo mundo
usava jacarandá. A minha
empresa, a Oca, fazia tudo
que é tipo de móvel com jacarandá até o final dos anos 70.
Quando fiz os móveis da
Manchete, nos anos 80, usei
jacarandá e mogno que o
Adolfo Bloch tinha.
Não perguntei como tinha
conseguido a madeira. Era
normal. Não era crime ambiental. Fiz mesas de mogno
com 5 cm de espessura.
Tenho paixão por jacarandá, mas para mim essa madeira morreu. Ganhei uma
bengala de jacarandá que é
uma beleza.
Não sei se terei idade para
ver essa madeira ser usada
novamente. Ela demora mais
de cem anos para virar árvore
grande. Tenho 82 anos.
Hoje só uso madeira certificada, aquela que os técnicos garantem que não foi
desmatada, mas cultivada. A
falta de jacarandá não afetou
em nada a minha criação.
SERGIO RODRIGUES é designer de móveis,
criador da premiada poltrona Mole e de
móveis para o Palácio do Alvorada
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