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MV Bill tenta fugir de som "baixo-astral" em novo CD
Rapper lança "Causa e Efeito" e planeja disco com músicas de Caetano Veloso
Mesmo com letras críticas, Bill agora busca maior equilíbrio
e diz que "música é entretenimento"
MARCOS GRINSPUM FERRAZ
DE SÃO PAULO
Injustiça social, preconceito racial, violência policial.
Alguns dos temas tratados
em "Causa e Efeito", quarto
disco de MV Bill, podem soar
repetitivos para quem acompanha a carreira do rapper.
Mas não é à toa, segundo
ele, pois acredita que, quanto a várias dessas questões,
pouca coisa mudou no país.
"Eu vejo os assuntos das
minhas letras como páginas
de livros. Algumas a gente
tem que revisitar sempre,
não podem ser viradas porque trazem questões ainda
não resolvidas", diz Bill, 36.
Mas sua busca agora, 12
anos após o primeiro CD, é
por um equilíbrio maior, com
letras que possam falar da
realidade sem se esquecer de
que a música é o veículo. "E
música é entretenimento."
Nessa linha, o rapper revela que seu quinto disco, já em
fase de produção, será feito
inteiramente em cima de
canções de Caetano Veloso.
"Ele foi um dos primeiros
caras a entender que o que o
hip-hop faz [ao usar bases já
existentes] não é plagiar,
mas sim uma forma de homenagear", diz Bill.
Carioca da Cidade de
Deus, onde vive até hoje, Bill
avalia que o rap teve, nas últimas décadas, um momento
de revelar para a sociedade a
vida nas favelas e periferias,
inclusive o mundo do crime.
Mas "as letras às vezes caíram na pura denúncia, sem
propor saídas", diz. E continua: "Acho que a galera também se encheu um pouco de
música baixo-astral".
No novo CD, destaca-se a
participação da rapper Kmilla CDD, irmã de Bill, dando
força a temáticas femininas
raras no rap. Ela canta em
quatro faixas (uma sozinha).
"O hip-hop tem tido postura muito machista ao longo
dos anos. Ele fala de várias
coisas importantes, mas escorrega quando toca nas
questões de gênero", diz Bill.
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