São Paulo, terça-feira, 07 de junho de 2011

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Emprego no banco pagou experiências de Skylab

Músico bancou álbuns trabalhando meio período no Banco do Brasil

Hoje aposentado, compositor usa seu blog para publicar críticas e comentários sobre arte, música e literatura

DE SÃO PAULO

"Linda, os cabelos cacheados/ Olhos esmeraldas/ E a pele de cetim/ Mas se a beijava/ Vinha um cheiro de esgoto/ Que saía do seu estômago/ E entrava em meu nariz."
O autor de versos como esses era, de manhã, um pacato funcionário do Banco do Brasil. Trabalhava ali meio período e dividia seu dia em duas metades. Até a hora do almoço, dedicava-se ao serviço bancário. Na saída, se transformava em Skylab.
"A parte da manhã era perdida com a burocracia do banco. À tarde, queria recuperar o tempo perdido", diz.
Foi graças ao bancário, no entanto, que Skylab, o personagem, pôde existir. Os dez álbuns da série que se encerra agora foram financiados com o salário das tediosas manhãs no Banco do Brasil.
"Eu usava uma máscara social no banco. Saía dali e tirava a máscara para fazer minhas loucuras", diz. "Vivi radicalmente essas duas personas até me aposentar, há cinco anos. Sim, era dificílimo."
E a persona criativa se dividiu, depois, em várias outras.
Além da série "Skylab", Rogério produziu mais três álbuns. E também um livro de poemas, "Debaixo das Rodas de um Automóvel", publicado pela Rocco em 2006.
"O livro é mais doce [que as canções], na praia de Mario Quintana", compara.
Além de poemas autorais, Skylab publica em seu blog (godardcity.blogspot.com) textos analíticos sobre arte, música e literatura. Empolga-se com esses assuntos.
"Não gosto de contorcionistas: caras como Caetano, Gil e Arnaldo Antunes, que estão ligados a outro tempo e ficam fazendo ginástica para continuar bebendo das novas fontes", diz. "Valorizo João Gilberto porque está ligado ao tempo dele."
Diz que seu trabalho pertence a um tempo entre a vanguarda paulistana, em 1980, e a chegada de Marisa Monte, em 1988. Período este que chama de "segundo ciclo da maioridade da MPB".
"Todas as músicas que eu produzi e vou produzir estão necessariamente ligadas àquele tempo", diz.
(MARCUS PRETO)


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