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CRÍTICA
Banda leva Beatles ao Clube da Esquina
DA REPORTAGEM LOCAL
Muitos sons ecoam em
"Cosmotron", o mais sério
e compenetrado álbum do Skank.
O mais evidente é uma fusão bem
mineira dos Beatles de "Revolver"
(66), "Sgt. Pepper" (67) e do
"White Album" (68) com o Clube
da Esquina (que já incorporava
Beatles em sua carga genética).
Parece saudosista? Sim. Mas
rende belos bordados melódicos
(e potencialmente populares) em
faixas como "Bordado Mínimo"
(de proparoxítonas à moda de
Chico Buarque), a tristonha "As
Noites", a sedutora "Pegadas na
Lua" (de Samuel Rosa com o desperdiçado Humberto Effe).
A síntese, nesse aspecto, é mesmo "Dois Rios", de letra simbolista de Nando Reis e melodia trançada por Samuel e Lô Borges. É
onde os rapazes dizem tudo o que
querem dizer em "Cosmotron":
viramos gente grande, ainda somos o Skank.
Tal concentração não significa
sisudez nem mero passadismo,
no entanto. Há o outro lado, que
procura efeitos retrofuturistas,
arestas eletrônicas, melancolia tipo Coldplay.
São assim a vigorosa "Nômade", a psicodélica "Supernova"
(com versos-imagens de Fausto
Fawcett) e "É Tarde".
Se "Supernova" (o nome, não a
música) faz lembrar de "Champagne Supernova" (94), do Oasis,
não é só mera coincidência. Para
soar contemporâneos em meio a
tanto John, Paul e Milton, a curva
vai a Oasis e a Blur -neo-Beatles
de alguns anos atrás.
De novo aí o Skank se arrisca na
pauta do saudosismo, do passadismo. As imagens e as macias
melodias do disco, mesmo as
mais contemporâneas delas,
apontam mais para o passado que
para o futuro. Ficamos ligeiramente sem saber qual é de fato a
identidade da banda que toca essas belas canções.
Ficamos, um pouco, com o instante congelado no tempo em que
Milton, Fernando Brant, Lô e
Márcio Borges cantavam, "Para
Lennon e McCartney" (70), que
eles não sabiam do lixo ocidental.
A diferença é que hoje "eles" sabem um pouco mais, como o
Skank viu em Roskilde -e nós,
sabemos?
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
Cosmotron
Grupo: Skank
Lançamento: Sony
Quanto: R$ 28, em média
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