São Paulo, sábado, 07 de julho de 2007

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5ª Flip

"New Yorker" e cinema foram escola, diz Wright

MARCOS STRECKER
ENVIADO ESPECIAL A PARATY

Roteirista com um pé em Hollywood, debutante bem-sucedido em peças de teatro, o jornalista americano Lawrence Wright, vencedor do Prêmio Pulitzer de 2007 na categoria não-ficção com "O Vulto das Torres" (Companhia das Letras), estava à procura de um piano em Paraty. Um dos principais convidados da Flip, ele queria exercitar também seu lado músico na cidade.
Wright ainda precisa provar seu talento na música, mas na literatura conseguiu vencer uma disputa acirrada com outros autores que fizeram as livrarias receberem uma avalanche de livros sobre os ataques do 11 de Setembro.
"O Vulto das Torres" (o título faz referência a uma passagem do Alcorão e às torres do World Trade Center) conseguiu superar os outros por três razões principais. Por aproveitar sua experiência no cinema, pelas qualidades literárias, ao adotar técnicas ficcionais para narrar os antecedentes políticos, ideológicos e sociais que geraram os ataques terroristas, e pelo rigor ao reproduzir os fatos.
Para reunir as duas últimas qualidades, Wright fala com orgulho da sua principal escola, a famosa revista "New Yorker", que publicou o artigo inspirador do livro. Ele diz que sempre há sugestões sobre o estilo dos artigos e comenta fascinado o rigoroso processo de revisão e checagem das reportagens. "O departamento de checagem é o meu preferido na revista", disse. "É um pouco como ter a KGB olhando sobre os seus ombros, eles ouvem todas as suas gravações e lêem todas as suas anotações. Mas, por outro lado, protegem você, tornam sua reportagem melhor."
Cinema foi a outra fonte de inspiração. "Escrever filmes me ajudou a ver algumas coisas, tentar achar cenas vívidas para ilustrar a história". A grande experiência de Wright na área foi "Nova York Sitiada", filme com roteiro dele, considerado "premonitório" em relação aos atentados de 2001.
A aposta de Wright em seu livro foi alta. Ele diz que recebeu críticas por ter retratado a história pela perspectiva de Osama bin Laden, um dos quatro personagens principais. "Queria criar uma história que humanizasse essa tragédia, e a melhor forma de fazer isso era contar histórias individuais".
Ele lamenta a onda atual de antiamericanismo e não acredita que a Al Qaeda consiga triunfar. "O verdadeiro alvo desse radicalismo é o próprio país de onde se originam. Osama bin Laden visava o governo saudita e Ayman al Zawahiri (braço direito de Bin Laden) tinha como objetivo o Egito."


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