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5ª Flip
"New Yorker" e cinema foram escola, diz Wright
MARCOS STRECKER
ENVIADO ESPECIAL A PARATY
Roteirista com um pé em
Hollywood, debutante bem-sucedido em peças de teatro, o
jornalista americano Lawrence
Wright, vencedor do Prêmio
Pulitzer de 2007 na categoria
não-ficção com "O Vulto das
Torres" (Companhia das Letras), estava à procura de um
piano em Paraty. Um dos principais convidados da Flip, ele
queria exercitar também seu
lado músico na cidade.
Wright ainda precisa provar
seu talento na música, mas na
literatura conseguiu vencer
uma disputa acirrada com outros autores que fizeram as livrarias receberem uma avalanche de livros sobre os ataques
do 11 de Setembro.
"O Vulto das Torres" (o título
faz referência a uma passagem
do Alcorão e às torres do World
Trade Center) conseguiu superar os outros por três razões
principais. Por aproveitar sua
experiência no cinema, pelas
qualidades literárias, ao adotar
técnicas ficcionais para narrar
os antecedentes políticos, ideológicos e sociais que geraram os
ataques terroristas, e pelo rigor
ao reproduzir os fatos.
Para reunir as duas últimas
qualidades, Wright fala com orgulho da sua principal escola, a
famosa revista "New Yorker",
que publicou o artigo inspirador do livro. Ele diz que sempre
há sugestões sobre o estilo dos
artigos e comenta fascinado o
rigoroso processo de revisão e
checagem das reportagens. "O
departamento de checagem é o
meu preferido na revista", disse. "É um pouco como ter a
KGB olhando sobre os seus
ombros, eles ouvem todas as
suas gravações e lêem todas as
suas anotações. Mas, por outro
lado, protegem você, tornam
sua reportagem melhor."
Cinema foi a outra fonte de
inspiração. "Escrever filmes
me ajudou a ver algumas coisas,
tentar achar cenas vívidas para
ilustrar a história". A grande
experiência de Wright na área
foi "Nova York Sitiada", filme
com roteiro dele, considerado
"premonitório" em relação aos
atentados de 2001.
A aposta de Wright em seu livro foi alta. Ele diz que recebeu
críticas por ter retratado a história pela perspectiva de Osama bin Laden, um dos quatro
personagens principais. "Queria criar uma história que humanizasse essa tragédia, e a
melhor forma de fazer isso era
contar histórias individuais".
Ele lamenta a onda atual de
antiamericanismo e não acredita que a Al Qaeda consiga
triunfar. "O verdadeiro alvo
desse radicalismo é o próprio
país de onde se originam. Osama bin Laden visava o governo
saudita e Ayman al Zawahiri
(braço direito de Bin Laden) tinha como objetivo o Egito."
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