AMIR LABAKI
da Equipe de Articulistas

"Bajo California - El Limite del Tiempo" é o promissor longa de estréia do mexicano Carlos Bolado, que fez carreira como montador. "Como Água para Chocolate", o sucesso de bilheteria dirigido por Alfonso Arau, foi seu trabalho mais célebre.
Felizmente, "Bajo California" lembra mais "Terra Estrangeira" dos brasileiros Walter Salles e Daniela Thomas, ao utilizar a estrutura do "road movie" para a busca pelo protagonista da própria identidade.
São ambos filmes que, estendendo para o longa-metragem de Salles o que Rebecca Yeldham (Sundance Institute) disse sobre o de Bolado, "prestam homenagem aos poderes da natureza, arte, ritos e amor".
Em "Bajo California", o artista "chicano" Damian (Damian Alcazar) deixa provisoriamente em Los Angeles a namorada grávida (a bela Claudette Maille, de "Como Água para Chocolate") e viaja ao México numa pesquisa do passado de sua família. É o atropelamento de outra mulher grávida, real ou imaginário, que o atira na estrada.
O caminho de Damian tem por parada final a região de Baja, onde estão plantadas suas raízes familiares. Ele leva uma carta de sua mãe para depositar no túmulo da avó. Damian, claro, precisa se perder para se achar.
Bolado explora com eficiência o potencial dramático e pictórico de Baja. Damian, artista do efêmero, faz esculturas com ossos e pedras na areia e, adiante, redescobre a força da tradição nas pinturas seculares das cavernas.
Da algaravia multicultural de sua Los Angeles, Damian vai descobrir a antítese numa região que se orgulha da própria história e a transmite ainda oralmente.
Mantém-se ainda vivas as cicatrizes do entrechoque entre jesuítas europeus e indígenas nativos.
Família são todos dali, ensina a ele Arce, seu mais fiel guia.
Contemplativo por opção, "Bajo California" ganharia em contundência se fosse mais enxuto. É um mal menor numa estréia de rara ambição.

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