São Paulo, domingo, 07 de agosto de 2005

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Emissoras trocam entretenimento por discussão política

MARCELO BARTOLOMEI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Nunca se falou tanto em política na televisão, não somente nos noticiários e nos humorísticos mas também nos programas de entretenimento das emissoras abertas.
"Virou um espetáculo, como tudo na televisão", diz o professor de jornalismo da ECA-USP Laurindo Lalo Leal Filho, 60. "Mas tem um lado positivo, levando a política crua e real para o cidadão. Uma coisa é ver ao vivo; outra é ver editada nos telejornais."
"O entretenimento contamina o jornalismo na televisão. A notícia é menos importante do que o show que se faz em torno dela. Diferentemente das anteriores, essa CPI mostra que alguns personagens incorporaram a idéia do espetáculo", afirma.
Espetáculo à parte, as emissoras investiram pesado na crise desde o depoimento do ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu, terça passada, trocando a programação diária pela transmissão da CPI dos Correios. Os dados ainda são preliminares, mas, se não houve alteração significativa no Ibope, ao menos as audiências sofreram uma reviravolta.
Na Band, por exemplo, a audiência feminina das tardes mudou para um público de maioria masculina quando Dirceu depôs, segundo o departamento de comunicação. Na segunda passada, o "Boa Noite, Brasil" reuniu cinco parlamentares da CPI e obteve audiência mais qualificada que a tradicional. Registrou 50% de audiência das classes A e B.
A TV Cultura, comandada pela cúpula do PSDB paulista, também passou a transmitir depoimentos ao vivo. Na terça passada, obteve dois pontos no Ibope e voltou a exibir ao vivo na quinta.
O diretor do "Programa do Jô", Willem van Weerelt, 49, acha que a exposição da crise na TV é positiva. "É uma oportunidade de esclarecer para todos os níveis como funciona o meio político."
Desde o início das denúncias, a atração já entrevistou senadores, deputados e personagens envolvidos nas denúncias. A audiência se manteve estática, na média de nove pontos. O maior sucesso, diz o diretor, é a mesa de debates com jornalistas, no ar às quartas-feiras.


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