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Rebeca Matta conquista espaço na terra do axé
Ao lançar "Rosa Sônica", em parceria com os produtores Boing e Gilberto Monte, a cantora baiana mistura estilos musicais
ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Rebeca Matta não está mais
só. A cantora baiana que surpreendeu a crítica em 1998,
quando fez um disco que misturava influências de trip hop,
industrial e MPB, em plena capital do axé, lança seu terceiro
trabalho, "Rosa Sônica", em
parceria com os produtores
Boing e Gilberto Monte -ou,
como eles se nomeiam, a Orquestra Sônica.
Mas não é só por isso que Rebeca deixou de estar sozinha.
Voz dissonante num cenário
em que, ou se fazia MPB e axé
ou rock pesado, sem espaço para experimentações eletrônicas, a cantora agora pode compartilhar suas referências com
artistas como a dupla tara-code, os coletivos Pragatecno e
Electrocooperativa ou a intérprete Marcela Bellas, entre outros, representantes de um novo panorama, que cava espaço
nos clubes e bares de Salvador.
"A indústria do axé pegou pesado em termos de diversidade,
de provocar outras coisas", explica Rebeca, 39. "[Eles] Têm
uma estrutura e uma propaganda forte. Fica difícil conseguir trilhar outros caminhos.
No meu caso, muitas vezes me
senti isolada. Não via uma cena
na Bahia. Hoje vejo mais."
Na verdade, o som de Rebeca
não se encaixa na música baiana, mas tampouco se identifica
com o que é feito no restante do
país. O novo CD, com Arto
Lindsay como produtor associado -e que chega às lojas nesta semana-, é uma prova de
quão única é sua sonoridade,
cada vez mais experimental.
"Minha trajetória com a música sempre foi assim. Não me
prendo a um estilo", diz. "Queria muito experimentar." Com
essa idéia, Rebeca, que apareceu bem roqueira no segundo
disco, "Garotas Boas Vão pro
Céu, Garotas Más Vão pra
Qualquer Lugar", se afasta do
rock e se aproxima ainda mais
da eletrônica, muito por conta
da convivência com Boing.
"Ele [Boing] é muito eletrônico. Me apaixonei por esse
lance de bateria meio quebrada, que tem muito a ver com
sua estética", conta Rebeca.
"Mas não vejo como um afastamento do rock. Acho que os andamentos de rock também estão muito presentes, na irreverência, nas guitarras, só que de
uma outra forma."
Em meio a reverberações,
distorções e sons estranhos,
destaca-se o contundente vocal
da baiana, que impressiona,
principalmente, em suas performances ao vivo. As letras,
como nos trabalhos anteriores,
são bem pessoais, femininas e
viscerais, todas de sua autoria.
As exceções são "Medo de
Palhaço", composta por Boing,
e a clássica "Vapor Barato", de
Wally Salomão e Jards Macalé,
que aparece numa versão que a
torna quase irreconhecível.
Mas, ainda que a eletrônica
seja a tônica, Rebeca fala que no
CD há outros estilos. "Não vejo
como experimental. Ele [o CD]
tem referência de música popular. Consigo ouvir samba, pagode, rock, trip hop. Não é nada
disso, mas tem tudo isso", diz.
ROSA SÔNICA
Artista: Rebeca Matta e Orquestra
Sônica (Tantas Coisas)
Quanto: R$ 15
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