São Paulo, segunda-feira, 07 de agosto de 2006

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HQ retrata periferia vista de dentro

Ferréz se une a Alexandre de Mayo e lança primeiro livro de trilogia, que será completada no fim do ano

PEDRO CIRNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O escritor paulistano Ferréz já retratou a periferia de São Paulo em livros ("Capão Pecado", "Manual Prático do Ódio" e "Amanhecer Esmeralda") e em letras de rap (no álbum "Determinação"). Agora é a vez dos quadrinhos, com o lançamento nesta semana de "Os Inimigos Não Mandam Flores", criado em parceria com Alexandre de Mayo.
"Os Inimigos..." foi criado por Ferréz como um conto. E foi dele, também, a idéia de transformá-lo em quadrinhos. Para tanto, falou com o desenhista autodidata Mayo, que seis anos atrás adaptava letras de música para a revista "Rap Brasil". Mayo gostou da idéia e em quatro meses a história estava pronta.
Ferréz é conhecido por contar o mundo da periferia vista de dentro. E narra nesta HQ a história de um homem que toma uma decisão e se arrepende dela, mas que tem que arcar com as conseqüências dessa escolha. "Como todos nós que vivemos em São Paulo. É um homem que está envolvido em uma situação da qual não tem controle", conta Ferréz.

Antiga ligação
A ligação de Ferréz com os quadrinhos é antiga. Ele conta que lê desde os sete anos e possui um gosto eclético: entre seus artistas prediletos estão Garth Ennis, autor de histórias do Demolidor e do Preacher, e Lourenço Mutarelli, criador de "Transubstanciação" e "A Confluência da Forquillha". "Se o Lourenço morasse em outro país, ele já seria milionário."
O gosto de Ferréz pelos quadrinhos pode ser notado em sua obra: seu terceiro livro, "Amanhecer Esmeralda", tem o mesmo nome de uma história publicada no Brasil em 1991. Ferréz o viu nas bancas e gostou do título, mas não tinha dinheiro para comprar. "Eu fui ter esse gibi anos depois. Fiquei imaginando como era. Quando li, foi uma decepção: era uma história besta de super-herói. Eu queria dar um novo sentido a este título."
Para o escritor, os quadrinhos brasileiros precisam buscar sua identidade. Ele dá a sua receita: é preciso ser sincero. Ler quadrinhos norte-americanos e europeus, mas produzir uma obra que tenha a ver com a cultura brasileira.
Ferréz e Mayo uniram-se para uma trilogia. A segunda história, "C.C.O." (iniciais de Central do Crime Original), está sendo desenhada e deve ser lançada em setembro ou outubro. O terceiro livro envolvendo o personagem Igordão, o elo que une as três HQs, será publicado ainda neste ano.


OS INIMIGOS NÃO MANDAM FLORES
Autores:
Ferréz e Alexandre de Mayo
Editora: Pixel Media
Quanto: R$ 29,90 (56 págs.)


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