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HQ retrata periferia vista de dentro
Ferréz se une a Alexandre de Mayo e lança primeiro livro de trilogia, que será completada no fim do ano
PEDRO CIRNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O escritor paulistano Ferréz
já retratou a periferia de São
Paulo em livros ("Capão Pecado", "Manual Prático do Ódio"
e "Amanhecer Esmeralda") e
em letras de rap (no álbum
"Determinação"). Agora é a vez
dos quadrinhos, com o lançamento nesta semana de "Os
Inimigos Não Mandam Flores", criado em parceria com
Alexandre de Mayo.
"Os Inimigos..." foi criado
por Ferréz como um conto. E
foi dele, também, a idéia de
transformá-lo em quadrinhos.
Para tanto, falou com o desenhista autodidata Mayo, que
seis anos atrás adaptava letras
de música para a revista "Rap
Brasil". Mayo gostou da idéia e
em quatro meses a história estava pronta.
Ferréz é conhecido por contar o mundo da periferia vista
de dentro. E narra nesta HQ a
história de um homem que toma uma decisão e se arrepende
dela, mas que tem que arcar
com as conseqüências dessa escolha. "Como todos nós que vivemos em São Paulo. É um homem que está envolvido em
uma situação da qual não tem
controle", conta Ferréz.
Antiga ligação
A ligação de Ferréz com os
quadrinhos é antiga. Ele conta
que lê desde os sete anos e possui um gosto eclético: entre
seus artistas prediletos estão
Garth Ennis, autor de histórias
do Demolidor e do Preacher, e
Lourenço Mutarelli, criador de
"Transubstanciação" e "A Confluência da Forquillha". "Se o
Lourenço morasse em outro
país, ele já seria milionário."
O gosto de Ferréz pelos quadrinhos pode ser notado em
sua obra: seu terceiro livro,
"Amanhecer Esmeralda", tem
o mesmo nome de uma história
publicada no Brasil em 1991.
Ferréz o viu nas bancas e gostou do título, mas não tinha dinheiro para comprar. "Eu fui
ter esse gibi anos depois. Fiquei
imaginando como era. Quando
li, foi uma decepção: era uma
história besta de super-herói.
Eu queria dar um novo sentido
a este título."
Para o escritor, os quadrinhos brasileiros precisam buscar sua identidade. Ele dá a sua
receita: é preciso ser sincero.
Ler quadrinhos norte-americanos e europeus, mas produzir
uma obra que tenha a ver com a
cultura brasileira.
Ferréz e Mayo uniram-se para uma trilogia. A segunda história, "C.C.O." (iniciais de Central do Crime Original), está
sendo desenhada e deve ser
lançada em setembro ou outubro. O terceiro livro envolvendo o personagem Igordão, o elo
que une as três HQs, será publicado ainda neste ano.
OS INIMIGOS NÃO MANDAM FLORES
Autores: Ferréz e Alexandre de Mayo
Editora: Pixel Media
Quanto: R$ 29,90 (56 págs.)
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