São Paulo, terça-feira, 07 de agosto de 2007

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Críticos apontam "mistificação" de Oiticica e Clark

Divulgação
A instalação "Tropicália", de Hélio Oiticica, exibida em 1967, em versão remontada em 1997


DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

A importância central de Hélio Oiticica na arte brasileira é inegável, mas os meios de artes no exterior - curadores, diretores de museus e críticos - têm dado exagerada ênfase em seu papel. Essa é a avaliação do crítico de arte e professor da Escola de Belas Artes da UFRJ Paulo Venancio Filho.
"Vou a debates no exterior e a leitura que está se cristalizando é que a arte brasileira depois dos anos 60 só se deve ao Hélio e à Lygia [Clark]. É preciso colocar isso em questão", diz.
"No caso de "Tropicália", houve a exibição dela em 1967 e, depois, ela foi vista raríssimas vezes. Toda uma geração central de artistas que desponta nos anos 70, como Cildo Meireles, Tunga, Waltercio Caldas, tem sua produção já formada antes da revisão da obra do Hélio."
De acordo com o crítico, existe certa "mistificação" na importância da obra de Oiticica. "Essa leitura incorre no erro de avaliar que as artes brasileiras seguem a mesma linha do exterior, onde o meio institucional é forte, com exposições permanentes e diversos estudos."
"Tropicália" pertence à Tate Modern, em Londres, onde é exibida em caráter permanente. No mesmo museu estão em cartaz duas mostras sobre Oiticica: "The Body of Colour" e "Oiticica in London".
O crítico, poeta e colunista da Folha Ferreira Gullar acredita que a obra de Oiticica perdeu força após os "Bólides" (1963).
"Acho que apenas dois artistas conseguiram levar as idéias do "Manifesto Neoconcreto" às últimas conseqüências, que foram a Lygia e o Hélio. Mas depois acho que ele se restringiu à mera sensorialidade, abdicando do que a forma pode transcender", avalia Gullar. (MG)


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