|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Sistema carcerário será "vilão" de novela
Cláudia Raia, revelada a mocinha de "A Favorita" em capítulo que bateu recorde no Ibope, fala sobre nova fase da trama
Intérprete de Donatela e Patrícia Pillar, a vilã Flora, foram avisadas em segredo pelo autor, antes da estréia, do destino das personagens
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
FÁBIO GRELLET
DA SUCURSAL DO RIO
O capítulo de anteontem de
"A Favorita" teve muito a revelar. Para a própria trama e para
a guerra de audiência que Globo e Record travam especialmente neste horário das 21h.
Apesar de a novela de João
Emanuel Carneiro estar no ar
há só dois meses, o episódio teve ares de último capítulo ao
apontar qual das duas protagonistas era a assassina. Com falhas de produção, mostrou que
Flora (Patrícia Pillar) matou
Marcelo, seu amante e marido
da rival Donatela (Cláudia
Raia). Desde a estréia, o autor
jogava com o fato de não dizer
quem era a vilã e a mocinha.
A cena foi mostrada em
flashback. Apesar de o crime
ter ocorrido há 18 anos, Pillar e
Raia estavam com o visual exatamente igual ao atual. Não
houve caracterização nem maquiagem que tentasse buscar
um rejuvenescimento das atrizes, o que contrastou com a idade do ator escolhido para ser
Marcelo, Flávio Tolezani -que,
aliás, não é o mesmo mostrado
em anúncios sobre o crime que
a Globo publicou em jornais.
Outro detalhe da falta de cuidado foi a escolha da menina
que fez Lara com três anos. Ela
tinha olhos castanhos, e a cena
seguinte mostrou os marcantes
olhos azuis de Mariana Ximenes, intérprete da personagem.
Ontem, em entrevista coletiva no Rio, Carneiro diz que ficou satisfeito com o capítulo.
E, claro, com a audiência que
ele atraiu. Foram 46 pontos na
Grande São Paulo (dados prévios do Ibope), a mesma média
do último capítulo de "Duas
Caras", a novela antecessora.
Ascensão
"A Favorita", que estreou
com menos de 35 pontos, está
subindo no Ibope e estancou o
crescimento da Record no horário. "Mutantes", de Tiago
Santiago, que antes registrava
mais de 20 pontos, marcou
apenas 13 anteontem.
Mas, apesar de já ser considerada um sucesso pela Globo, "A
Favorita" não chega ao patamar de alguns anos atrás, quando a novela das oito que ia muito bem marcava mais de 60
pontos. E é por isso que "Mutantes", apesar da queda, ainda
é a "queridinha" da Record.
Ontem, à Folha, Cláudia
Raia contou que ela e Patrícia
Pillar foram chamadas antes da
estréia da novela pelo autor,
que lhes revelou o destino de
suas personagens. "Ele nos disse como deveríamos construir
essa dubiedade."
O autor havia afirmado à Folha que escolheria a assassina
ao longo da trama e que sua decisão iria "depender da química
da novela no ar com o público e
da atuação das atrizes". Ontem,
admitiu já saber desde o princípio que Flora seria a culpada.
"Seria óbvio se fosse diferente,
ela tem cara de mocinha."
Negou ter antecipado a revelação em busca de ibope. Disse
que a novela tem três fases. A
primeira terminou anteontem.
A segunda será o martírio de
Donatela na prisão (ela será injustamente acusada pelo assassinato do marido após a reabertura do caso) e a terceira, quando ela for libertada.
Raia afirmou que, a partir de
agora, "o sistema carcerário será o grande vilão" de Donatela.
"Ela não entende como alguém
pode viver daquela maneira."
Na prisão, vai ficar amiga de
Diva, personagem de Giulia
Gam.
Treinador
Com vários papéis cômicos
no currículo e pouquíssimos
dramáticos, a atriz, que só tem
chorado nos últimos capítulos,
contratou o ator Cacá Carvalho
para ser seu "treinador". "Eu só
fiz drama em "Engraçadinha"
[1995] e em "Torre de Babel"
[1998]. A Donatela é um papel
muito difícil, tenho que estar
muito atenta porque não posso
usar nada meu nesse personagem. Ela não tem nada de mim.
É sofredora, tem uma origem
pobre, não tem sensualidade, é
uma sobrevivente do inferno."
Pillar, que também não é habitué de vilãs, afirmou gostar
do "jogo" que Flora proporciona. "Desde o início, dou algumas pistas com o olhar, mas o
modo como o público vê as cenas também depende da informação de que dispõe", afirma.
As duas dizem ter mantido
segredo quase absoluto sobre
suas personagens. Mas admitem ter contado para os maridos, o ator Edson Celulari
(Raia) e o deputado Ciro Gomes (Pillar). "Nossos maridos
são discretos", brinca Pillar.
"O Edson é ator, e eu divido
tudo com ele. Mas aqui em casa
teve bolão. O [filho de 11 anos]
Enzo perguntou se era a Flora e
eu disse que não", conta Raia.
Para os próximos capítulos,
Carneiro revela que Flora, que
anteontem atirou em Salvatore
(Walmor Chagas), irá assassinar Maira (Juliana Paes).
"Ela não é uma serial killer,
mas é uma esquizofrênica, quer
ser a Donatela, ter tudo o que
ela tem", afirma o autor.
Texto Anterior: Crítica/"História do Pranto": Estilo vertiginoso compromete boa trama Próximo Texto: Frases Índice
|