São Paulo, quinta-feira, 07 de agosto de 2008

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Sistema carcerário será "vilão" de novela

Cláudia Raia, revelada a mocinha de "A Favorita" em capítulo que bateu recorde no Ibope, fala sobre nova fase da trama

Intérprete de Donatela e Patrícia Pillar, a vilã Flora, foram avisadas em segredo pelo autor, antes da estréia, do destino das personagens


LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

FÁBIO GRELLET DA SUCURSAL DO RIO O capítulo de anteontem de "A Favorita" teve muito a revelar. Para a própria trama e para a guerra de audiência que Globo e Record travam especialmente neste horário das 21h.
Apesar de a novela de João Emanuel Carneiro estar no ar há só dois meses, o episódio teve ares de último capítulo ao apontar qual das duas protagonistas era a assassina. Com falhas de produção, mostrou que Flora (Patrícia Pillar) matou Marcelo, seu amante e marido da rival Donatela (Cláudia Raia). Desde a estréia, o autor jogava com o fato de não dizer quem era a vilã e a mocinha.
A cena foi mostrada em flashback. Apesar de o crime ter ocorrido há 18 anos, Pillar e Raia estavam com o visual exatamente igual ao atual. Não houve caracterização nem maquiagem que tentasse buscar um rejuvenescimento das atrizes, o que contrastou com a idade do ator escolhido para ser Marcelo, Flávio Tolezani -que, aliás, não é o mesmo mostrado em anúncios sobre o crime que a Globo publicou em jornais.
Outro detalhe da falta de cuidado foi a escolha da menina que fez Lara com três anos. Ela tinha olhos castanhos, e a cena seguinte mostrou os marcantes olhos azuis de Mariana Ximenes, intérprete da personagem.
Ontem, em entrevista coletiva no Rio, Carneiro diz que ficou satisfeito com o capítulo.
E, claro, com a audiência que ele atraiu. Foram 46 pontos na Grande São Paulo (dados prévios do Ibope), a mesma média do último capítulo de "Duas Caras", a novela antecessora.

Ascensão
"A Favorita", que estreou com menos de 35 pontos, está subindo no Ibope e estancou o crescimento da Record no horário. "Mutantes", de Tiago Santiago, que antes registrava mais de 20 pontos, marcou apenas 13 anteontem.
Mas, apesar de já ser considerada um sucesso pela Globo, "A Favorita" não chega ao patamar de alguns anos atrás, quando a novela das oito que ia muito bem marcava mais de 60 pontos. E é por isso que "Mutantes", apesar da queda, ainda é a "queridinha" da Record.
Ontem, à Folha, Cláudia Raia contou que ela e Patrícia Pillar foram chamadas antes da estréia da novela pelo autor, que lhes revelou o destino de suas personagens. "Ele nos disse como deveríamos construir essa dubiedade."
O autor havia afirmado à Folha que escolheria a assassina ao longo da trama e que sua decisão iria "depender da química da novela no ar com o público e da atuação das atrizes". Ontem, admitiu já saber desde o princípio que Flora seria a culpada. "Seria óbvio se fosse diferente, ela tem cara de mocinha."
Negou ter antecipado a revelação em busca de ibope. Disse que a novela tem três fases. A primeira terminou anteontem. A segunda será o martírio de Donatela na prisão (ela será injustamente acusada pelo assassinato do marido após a reabertura do caso) e a terceira, quando ela for libertada.
Raia afirmou que, a partir de agora, "o sistema carcerário será o grande vilão" de Donatela. "Ela não entende como alguém pode viver daquela maneira." Na prisão, vai ficar amiga de Diva, personagem de Giulia Gam.

Treinador
Com vários papéis cômicos no currículo e pouquíssimos dramáticos, a atriz, que só tem chorado nos últimos capítulos, contratou o ator Cacá Carvalho para ser seu "treinador". "Eu só fiz drama em "Engraçadinha" [1995] e em "Torre de Babel" [1998]. A Donatela é um papel muito difícil, tenho que estar muito atenta porque não posso usar nada meu nesse personagem. Ela não tem nada de mim. É sofredora, tem uma origem pobre, não tem sensualidade, é uma sobrevivente do inferno."
Pillar, que também não é habitué de vilãs, afirmou gostar do "jogo" que Flora proporciona. "Desde o início, dou algumas pistas com o olhar, mas o modo como o público vê as cenas também depende da informação de que dispõe", afirma.
As duas dizem ter mantido segredo quase absoluto sobre suas personagens. Mas admitem ter contado para os maridos, o ator Edson Celulari (Raia) e o deputado Ciro Gomes (Pillar). "Nossos maridos são discretos", brinca Pillar.
"O Edson é ator, e eu divido tudo com ele. Mas aqui em casa teve bolão. O [filho de 11 anos] Enzo perguntou se era a Flora e eu disse que não", conta Raia.
Para os próximos capítulos, Carneiro revela que Flora, que anteontem atirou em Salvatore (Walmor Chagas), irá assassinar Maira (Juliana Paes).
"Ela não é uma serial killer, mas é uma esquizofrênica, quer ser a Donatela, ter tudo o que ela tem", afirma o autor.


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