São Paulo, quinta-feira, 07 de agosto de 2008

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Procon vê vendas irregulares para shows

Órgão critica impossibilidade de escolha de assentos e venda antes do horário para apresentações de João Gilberto

Ticketmaster defende "modelo" internacional e diz estar "apurando os fatos'; 300 ingressos por dia foram reservados a convidados


MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Procon-SP considerou que houve desrespeito ao Código de Defesa do Consumidor na venda de ingressos para os dois shows de João Gilberto em São Paulo (nos próximos dias 14 e 15), realizada anteontem e marcada pela pane no site e nos telefones da Ticketmaster.
As irregularidades foram pelo menos três: a impossibilidade de os compradores escolherem seus assentos; a venda antes do horário anunciado (10h); e o fato de a confirmação do ingresso estar sujeita "à disponibilidade de lugares", como a Ticketmaster informa.
A organização do evento anunciou que a venda de ingressos começaria pontualmente às 10h de anteontem, mas a Folha ouviu uma compradora que afirmou ter adquirido o ingresso por volta das 9h.
Ela preferiu não se identificar, mas encaminhou o e-mail de confirmação que é enviado automaticamente pela Ticketmaster após a compra. Nele, o horário de recebimento é 9h29.
"Isso é uma quebra da oferta, que é irregular no Código de Defesa do Consumidor", disse Carlos Alberto Nahas, assistente da diretoria de fiscalização do Procon-SP.
A Ticketmaster reiterou que as vendas começaram às 10h, e que está "apurando os fatos".

Sem escolha
Para comprar seus ingressos, os consumidores tiveram de enfrentar uma oferta reduzida: dos 806 lugares disponíveis no Auditório Ibirapuera para cada show, 300 foram reservados para convidados e imprensa, de acordo com a produtora Dueto. Ou seja, foram vendidos 506 ingressos por dia. Quem conseguiu comprá-los -havia dois setores, de R$ 30 e R$ 360- não pôde escolher seu lugar.
Segundo a empresa, esse procedimento "segue o modelo da Ticketmaster no mundo e também o de outras grandes empresas do segmento".
"O direito à escolha é básico. O consumidor não pode fazer uma compra no escuro. O Código inibe contratos onde possa haver surpresa negativa para o consumidor", disse Nahas.
Ao fim do procedimento de compra no site, o usuário recebe um e-mail no qual se lê que a efetivação da compra "está sujeita à confirmação do pagamento do cartão de crédito e à disponibilidade de lugares".
"É normal que se aguarde a confirmação do cartão de crédito, mas, após isso, ainda ser obrigado a aguardar disponibilidade de lugar, isso é irregular", disse Nahas, do Procon.
A Ticketmaster diz que seu modelo de venda é uma "colocação de pedidos" e não uma "ordem de compras" -ou seja, antes das confirmações, o comprador fez apenas um pedido por ingressos.
Para a próxima busca por ingressos (no dia 12, para o show de Caetano Veloso e Roberto Carlos no Rio), segundo a Ticketmaster, a capacidade de recebimento de chamadas será dez vezes superior à que a empresa tinha no início das vendas de anteontem.

NA INTERNET
folha.com.br/082191
leia relatos sobre a compra de ingressos na Folha Online



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