São Paulo, sábado, 07 de setembro de 2002

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LIVRO/LANÇAMENTO

Bosi, o resistente

Lili Martins -18.mar.1999/Folha Imagem
O crítico e historiador da literatura Alfredo Bosi, que lança a coletânea "Literatura e Resistência"



Um dos principais intelectuais do Brasil fala de seu mais novo livro


SYLVIA COLOMBO
EDITORA-ADJUNTA DA ILUSTRADA

Dez anos depois de lançar o seu já clássico "Dialética da Colonização", Alfredo Bosi, 66, um dos mais importantes intelectuais do país, volta a investigar o diálogo entre a história da cultura brasileira e sua produção literária.
"Literatura e Resistência" é o nome da coletânea de ensaios do crítico e historiador da literatura, professor do departamento de Letras da USP e vice-diretor do Instituto de Estudos Avançados, que chega às livrarias no próximo dia 27 de setembro, pela Companhia das Letras. A Folha adianta trecho do artigo inédito "As Sombras das Luzes na Condição Colonial".
Em "Dialética da Colonização", Bosi analisou o período colonial como um processo material e simbólico. Através da obra de autores como Gregório de Mattos, Antonil, José de Anchieta e outros, o ensaísta também mostrou a "osmose" entre o imaginário dos poetas e a tradição histórica.
Desta vez, os artigos de "Literatura e Resistência" têm como fio condutor a idéia de que a resistência se manifesta na literatura de diferentes maneiras, às vezes como tema, noutras como parte do próprio processo de produção.
Entre os textos, está "A Escrita e os Excluídos", apresentado no último Fórum Social Mundial. Para Bosi, o evento -que aconteceu em fevereiro em Porto Alegre- foi palco de valiosas discussões, subestimadas pela grande imprensa. "Se uma idéia vingou, foi a de que não há um pensamento único na cultura dita globalizada. A resistência surge quando pensamos o presente com olhos no futuro. Uma cultura que faz propostas e não descansa na simples constatação do que acontece aqui e agora", disse à Folha.
Bosi, eleitor do PT há 20 anos e que conta tê-lo visto nascer em Osasco, onde militou nos anos 70 e 80 ("éramos assumidamente utópicos"), acha que seu núcleo dirigente rumou para a centro-esquerda. Ainda assim, crê que é "a força mais coerente de que dispomos para resistir ao trator da ideologia conformista que prevaleceu nos últimos dez anos". Mas avisa: "Espero que, na hora do conflito, o PT não se esqueça de que ele é a bandeira dos trabalhadores e não o refúgio do capital".


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