São Paulo, domingo, 07 de setembro de 2008

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Coleção Folha retrata João Donato

"Outsider" da bossa nova, como se define, o pianista e compositor é tema do 7º livro-CD, que chega no dia 14 às bancas

Músico entregou canções a colegas para que fossem letradas e, assim, surgiram hits como "Bananeira" e "A Paz", parcerias com Gil

DA REPORTAGEM LOCAL

Ele se mudou para os Estados Unidos, em 1959, quando a bossa nova ainda ensaiava os primeiros passos, mas àquela altura sua contribuição para a criação desse estilo musical já era definitiva.
O pianista e compositor João Donato, 74 anos, é o destaque do sétimo volume da Coleção Folha 50 Anos de Bossa Nova, que chega às bancas no próximo domingo, dia 14.
Autor de obras-primas da música popular brasileira, como "A Paz" (com letra de Gilberto Gil), "Até Quem Sabe" (letra do irmão Lysias Enio) e "A Rã" (letrada por Caetano Veloso), Donato vive atualmente o período de maior popularidade de sua carreira, depois de passar quatro décadas quase no ostracismo.

Estilo moderno
Durante grande parte dos anos 50, ele se apresentou em praticamente todos os bares e boates do Rio de Janeiro, desde os mais humildes até as mais badaladas. Do reduzido círculo que o aplaudia faziam parte fãs de alto quilate, como Tom Jobim, João Gilberto, Dick Farney, Sylvinha Telles, Dolores Duran e até o "rei do baião" Luiz Gonzaga.
Mesmo assim, seu estilo moderno demais para aquela época, além da dificuldade para cumprir pontualmente os compromissos profissionais, acabaram fechando muitas portas na noite carioca.
Por isso, Donato decidiu tentar a carreira nos Estados Unidos, reclamando, com relativo exagero, de que ninguém o entendia no Brasil.
Ironicamente, a música do compositor só começou a ser apreciada por um público mais amplo, após seu retorno ao país, em 1971. Um conselho do cantor Agostinho dos Santos o levou a entregar suas composições instrumentais a vários colegas, para que fossem letradas. Assim nasceram sucessos como "Bananeira" (com versos de Gilberto Gil) e "Gaiolas Abertas" (letrada pelo sambista Martinho da Vila).
Comparado com freqüência ao amigo João Gilberto, por protagonizar casos folclóricos, Donato costuma surpreender os fãs ao dizer em entrevistas que não se considera um músico da bossa nova.
Tem todo o direito de se ver como "outsider", mas é difícil ouvir muitas de suas canções, como "Lugar Comum" (letra de Gilberto Gil) ou "Café Com Pão" (com Lysias Enio), sem ligá-lo ao gênero musical.


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