São Paulo, domingo, 07 de outubro de 2007

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"Duvido do meu talento", diz atriz

De volta ao cinema com três longas-metragens, Pfeiffer conta que não gosta de se ver na tela

Bruxa em "Stardust", que estréia nesta sexta no Brasil, atriz diz que voltou a atuar "porque a vida de mãe é muito cansativa"

DO ENVIADO A LONDRES

Michelle Pfeiffer já trabalhou com diretores célebres (Scorsese, De Palma, Frears, Burton) e fez par romântico com medalhões como Al Pacino, Jack Nicholson e Sean Connery, mas se mostra surpreendentemente insegura quanto à sua capacidade como atriz.
"Às vezes, duvido do meu talento. Não gosto de me ver atuando. Assisto a meus filmes porque preciso e, ocasionalmente, vejo trechos durante a filmagem, para ver se estou no mesmo clima que os demais."
Se tal insegurança é reflexo da escassez de prêmios ao longo de sua carreira -concorreu três vezes ao Oscar e perdeu, além de seis vezes ao Globo de Ouro, tendo vencido apenas com "Susie e os Baker Boys"-, Pfeiffer não demonstra.
"Acho que seria ótimo ganhar um Oscar, mas é o tipo de coisa que não se aspira a ganhar, você apenas faz as melhores escolhas possíveis [de papéis] e torce para acontecer."
Os muitos anos em Hollywood lhe ensinaram não apenas a ter uma atitude blasé, mas também como contornar o ostracismo a que costumam ser submetidas atrizes de meia-idade. "Depois dos 40, é preciso começar a pensar fora da sua caixa. Os papéis estão lá, mas é necessário olhar de modo diferente. De certa maneira, os personagens que te oferecem ficam mais interessantes."
E como ela, que alternou sua carreira entre produções pop ("Batman - O Retorno") e outras mais adultas ("Ligações Perigosas") decide o que vai interpretar? De modo vago, aparentemente. "Não tenho um plano que sigo, até deveria, mas não tenho. Escolho pelo que me encanta de alguma forma. Tento achar bons papéis, mas sem muitas idéias pré-estabelecidas", conta a atriz.

Novamente bruxa
"Stardust", um conto de fadas para o público infanto-juvenil, marca a volta de Pfeiffer a elementos de seu passado.
O gênero é o mesmo do filme em que teve seu primeiro papel de destaque, "Ladyhawke - O Feitiço de Áquila" (1985). E ela volta a fazer uma bruxa, ainda que, na obra de Matthew Vaughn, seu personagem seja mais caricato que a feiticeira sensual de "As Bruxas de Eastwick" (1987). Seu terceiro filme lançado neste ano, "Stardust" marca sua volta definitiva após a parada de quatro anos. Pausa não prevista, segundo ela.
"Simplesmente não trabalhei, não foi uma escolha consciente, só não aceitei nenhuma proposta." Colaborou para isso o fato de estar criando duas crianças -Claudia Rose, 14, e John Henry, 13- com seu marido, o escritor e produtor David Kelley. A vida familiar, aliás, foi o que a levou de volta ao cinema. "Pensei que precisava voltar a trabalhar para descansar um pouco, porque a vida de mãe é muito cansativa. É gratificante, mas esgota."


O jornalista MARCO AURÉLIO CANÔNICO viajou a convite da Paramount


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