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São Paulo, sexta-feira, 07 de novembro de 2003

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MÚSICA

Festival Goiânia Noise reúne em sua nona edição 42 bandas independentes

Abrigo subterrâneo

DA REDAÇÃO

Passada a ressaca do carioca Tim Festival, o rock migra para o centro do país. Acontece de hoje a domingo a nona edição do Goiânia Noise, evento que agrupa e dá visibilidade a 42 bandas independentes do Brasil (e do Japão).
É bom tomar cuidado antes de tascar o rótulo "festival indie": além de estender seus tentáculos para bem longe, escalando os punks japoneses Guitar Wolf, o Goiânia Noise será visto por 5.000 pessoas em cada um dos seus dias -o Tim, com um orçamento pelo menos cem vezes maior, lotava sua capacidade com 6.600 lugares.
O evento goianiense é abrigado no Jóquei Clube da cidade. Terá dois palcos -um no salão social e outro no ginásio- e uma área externa que terá bares, lanchonetes, LAN houses e um bazar com estandes de selos e gravadoras independentes. O evento tem o apoio da prefeitura e encerra as comemorações do aniversário de 70 anos da cidade.
"O nosso objetivo é juntar essas bandas em Goiânia, que normalmente não teriam oportunidade de vir para cá, e trazer aqueles que foram representativos durante o ano, na nossa visão. Gente que se destacou em 2003", diz Leonardo Razuk, 31, da gravadora Monstro Discos, que organiza o festival.

Sem esquema
Dentro de sua programação, o festival abre espaço também para bandas já bem conhecidas do país, como Ratos de Porão, Mundo Livre S/A e Autoramas. No ano passado, tocaram Lobão e Los Hermanos, por exemplo.
"Eles [os organizadores do GN] não chamam qualquer um. Não tem pressão de gravadora, não tem nenhum esquema. Eles chamam quem realmente tem um outro tipo de patrimônio, que é o patrimônio de credibilidade", diz Fred Zero Quatro, 41, líder e vocalista do Mundo Livre S/A.
"É um público antenado, bem informado, que gosta de bandas como Guitar Wolf, desconhecidas do grande público. Para nós é uma satisfação especial ser chamado para um evento como esse. O circuito independente está se organizando cada vez mais e mantendo uma autonomia."
A banda pernambucana aproveita o festival para divulgar seu mais recente álbum, "O Outro Mundo de Manuela Rosário", lançado pela pequena Candeeiro.
"Há todo um modelo hegemônico de gravação, distribuição e de shows que está sendo totalmente desconstruído por várias questões de mercado. Acho que as próprias grandes gravadoras se deram conta que aquele modelo se esgotou. Tanto é que um disco independente leva o Mundo Livre a ter um trânsito bem fluido em eventos desde o Goiânia Noise até um Skol Hip Rock, que é muito mais mainstream", afirma.
A banda japonesa de space-punk-rock Guitar Wolf, o nome internacional do GN, apresenta seu show costumeiramente rápido e alto também em São Paulo (11/11), Belo Horizonte (13/11) e Rio de Janeiro (15/11).
É a segunda vez que o grupo, integrante do cast do respeitado selo americano Matador, vem ao Brasil. Em 2001, eles tocaram em um festival em Campo Grande (MS). E apenas lá.
(THIAGO NEY)


GOIÂNIA NOISE. Quando: de hoje a domingo, a partir das 18h. Onde: Jóquei Clube de Goiás (av. Anhanguera, 3.653, Goiânia). Quanto: R$ 10. Inf.: www.monstrodiscos.com.br.


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