São Paulo, sexta-feira, 07 de novembro de 2008

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Em tom kitsch, "Lola" questiona tradição teatral

Espetáculo espanhol solo incorpora elementos como o trash, o punk e a pop art

Montagem é entremeada por canções e interpretada pelo cantor Santiago Maravilla que, vestindo camisola, fala sobre agruras da mulher


GABRIELA MELLÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Nada mais coerente do que encerrar um Encontro Internacional de Teatro Contemporâneo com uma peça que decreta colapso de toda e qualquer tradição teatral. Trazida pelo Centro Cultural da Espanha, a irreverente "Lola", da espanhola Marta Gálan, é assim -como se pode constatar amanhã e domingo, os dois últimos dias da 6ª edição do Próximo Ato, no Itaú Cultural.
Espetáculo de 2003, ainda inédito no país, "Lola" é um solo entremeado por canções, interpretado pelo cantor Santiago Maravilla. Trata-se de uma obra fragmentária que não persegue história ou unidade, constituída por uma série de reflexões sobre amor, morte, solidão, política e futebol.
Embora tenha tom confessional, não há construção de personagem. A linguagem não é realista, mas um tanto kitsch, um tanto trash, propositadamente exagerada e excessiva.
Vestido de camisola de seda, meias rendadas e botas masculinas na maior parte do espetáculo, Maravilla discorre sobre as agruras das mulheres do mundo contemporâneo.
""Lola" é uma peça romântica que adquire uma contundência inesperada devido à postura bizarra, crua e anti-estética de Santiago Maravilla. Seus códigos e seu físico transformam meus escritos testemunhais em algo diferente", diz Marta Gálan, dramaturga e diretora de destaque em seu país.

Pop, punk e trash
Juntos, Galán e Maravilla criaram a Trilogia Cínica, iniciada com "Lola" e concluída em 2005 com "Machos" e "El Pero". Em seu trabalho, a dramaturga espanhola conecta realidade e arte, fato que transforma o teatro num instrumento de reflexão social.
Também evidencia em cena a artificialidade da atuação.
Rompe de maneira admiravelmente simples com paradigmas da representação, buscando verdade teatral.
"Encontrar Santiago me deu oportunidade de continuar investigando uma linguagem iconoclasta e heterodoxa", afirma.
O trash, o punk, a pop art, caminhos estéticos trazidos pelo performer, não pertencem à tradição de teatro.
"Incorporar esses elementos em cena significa assumir uma certa irreverência pela história do teatro e propor uma teatralidade mais viva, direta e popular", diz Marta Gálan.

LOLA
Quando: sábados e domingos, às 19h30
Onde: Itaú Cultural (av. Paulista, 149, São Paulo; tel. 0/xx/11/2168-1776)
Quanto: grátis; retirar os ingressos a partir das 19h; mais informações e programação no site www.itaucultural.org.br/proximoato
Classificação: não indicado para menores de 16 anos



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