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Em tom kitsch, "Lola" questiona tradição teatral
Espetáculo espanhol solo incorpora elementos como o trash, o punk e a pop art
Montagem é entremeada por canções e interpretada pelo cantor Santiago Maravilla que, vestindo camisola, fala sobre agruras da mulher
GABRIELA MELLÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Nada mais coerente do que
encerrar um Encontro Internacional de Teatro Contemporâneo com uma peça que decreta colapso de toda e qualquer
tradição teatral. Trazida pelo
Centro Cultural da Espanha, a
irreverente "Lola", da espanhola Marta Gálan, é assim -como
se pode constatar amanhã e domingo, os dois últimos dias da
6ª edição do Próximo Ato, no
Itaú Cultural.
Espetáculo de 2003, ainda
inédito no país, "Lola" é um solo entremeado por canções, interpretado pelo cantor Santiago Maravilla. Trata-se de uma
obra fragmentária que não persegue história ou unidade,
constituída por uma série de
reflexões sobre amor, morte,
solidão, política e futebol.
Embora tenha tom confessional, não há construção de
personagem. A linguagem não
é realista, mas um tanto kitsch,
um tanto trash, propositadamente exagerada e excessiva.
Vestido de camisola de seda,
meias rendadas e botas masculinas na maior parte do espetáculo, Maravilla discorre sobre
as agruras das mulheres do
mundo contemporâneo.
""Lola" é uma peça romântica
que adquire uma contundência
inesperada devido à postura bizarra, crua e anti-estética de
Santiago Maravilla. Seus códigos e seu físico transformam
meus escritos testemunhais
em algo diferente", diz Marta
Gálan, dramaturga e diretora
de destaque em seu país.
Pop, punk e trash
Juntos, Galán e Maravilla
criaram a Trilogia Cínica, iniciada com "Lola" e concluída
em 2005 com "Machos" e "El
Pero". Em seu trabalho, a dramaturga espanhola conecta
realidade e arte, fato que transforma o teatro num instrumento de reflexão social.
Também evidencia em cena a
artificialidade da atuação.
Rompe de maneira admiravelmente simples com paradigmas da representação, buscando verdade teatral.
"Encontrar
Santiago me deu oportunidade
de continuar investigando uma
linguagem iconoclasta e heterodoxa", afirma.
O trash, o punk, a pop art, caminhos estéticos trazidos pelo
performer, não pertencem à
tradição de teatro.
"Incorporar esses elementos
em cena significa assumir uma
certa irreverência pela história
do teatro e propor uma teatralidade mais viva, direta e popular", diz Marta Gálan.
LOLA
Quando: sábados e domingos, às
19h30
Onde: Itaú Cultural (av. Paulista, 149,
São Paulo; tel. 0/xx/11/2168-1776)
Quanto: grátis; retirar os ingressos a
partir das 19h; mais informações e programação no site www.itaucultural.org.br/proximoato
Classificação: não indicado para menores de 16 anos
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