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Jô Soares, a ficção e o real
Niels Andreas/Folha Imagem
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Jô Soares durante entrevista em seu apartamento em São Paulo
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MARCELO RUBENS PAIVA
especial para a Folha
Jô Soares é uma entidade no Brasil. É o quê? Um humorista que escreve seus shows. É um músico,
pintor, ator, diretor, homem de rádio e TV. É um homem-show.
Agora, abraça com afinco a nova
carreira literária. Depois do bem-sucedido "O Xangô de Baker
Street" (420 mil cópias vendidas
no Brasil), lança "O Homem Que
Matou Getúlio Vargas" -dedicado ao seu filho Rafael- e avisa que
tem três novos romances hibernando na cabeça.
Jô já fez de tudo um pouco. Nos
anos 60, esteve envolvido com artistas plásticos de São Paulo no
movimento conhecido como underground. Dividiu ateliê com o
artista Aguilar, expôs na 9ª Bienal
de São Paulo, esteve em um filme
de José Agripino e "combateu" o
regime militar confeccionando um
balão escrito "Abaixo o regime!",
para ser lançado sobre o estádio do
Pacaembu. Detalhe: devido ao peso, o balão não subiu, encerrando a
carreira subversiva.
Atingiu o cume da popularidade
em programas de TV como "Família Trapo". Está há dez anos no ar,
no SBT, com "Jô Onze e Meia".
Ele recebeu a Folha em seu apartamento, em São Paulo, amplo e
quieto, silencioso demais para
quem anima as noites de milhões
de brasileiros, suficientemente silencioso para quem escreve romances.
No apartamento, dois cachorros
com nome de gente (Jorge e Isabel)
e uma discreta empregada eram as
únicas presenças vivas, apartamento surpreendentemente vazio
para quem está sempre rodeado.
Fumando sem parar (charutos e
cigarros), diante de duas xícaras
grandes de café, Jô Soares parecia
um garoto renovado e eufórico
com sua nova empreitada.
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