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Artista procura incentivar nova geração
especial para a Folha
Os elencos anteriores de Twyla
Tharp contaram com bailarinos
memoráveis, que cultivavam uma
relação visceral com o repertório
da coreógrafa. Sarah Rudner, por
exemplo, dançou no grupo de
Tharp e hoje se destaca como co-autora de "Heartbeat: MB", que
Mikhail Baryshnikov apresentará
em São Paulo nos dias 14 e 15.
No momento, enquanto a nova
companhia não atinge a maturidade artística, Tharp se dedica à criação de uma fundação, onde ela
pretende disseminar seu trabalho,
além de incentivar novas gerações
de bailarinos.
"Está muito difícil fazer dança
nos Estados Unidos. Os profissionais são mal compreendidos e o
suporte financeiro diminuiu bastante. Com uma fundação, pretendo criar um canal capaz de abrir
perspectivas", ela diz.
Sobre o espetáculo que acaba de
criar para seu novo grupo, Tharp
comenta: "O programa começa
com "Heroes', um balé sinfônico
dançado por toda a companhia,
com música de Philip Glass baseada num disco homônimo de Brian
Eno e David Bowie".
Segundo Tharp, o conceito de
movimento de "Heroes" representa a posse do solo, a permanência
no espaço. Para desafiar esse estado, ela cria movimentos de oposição, que culminam no salto de
uma bailarina que tenta transpor
um "muro" humano.
"Já em "Sweet Fields' procuro penetrar em vários componentes da
religião Shaker. Há o êxtase, a celebração, o luto, a fé. O movimento é
conduzido essencialmente pelo
chamado "legato' musical. Trata-se
de um movimento muito contínuo, que representa a paz e a unidade na vida espiritual dos Shakers."
Para completar, há "Yemayá",
peça recente que na temporada
brasileira está substituindo "66",
obra que compunha o programa
original de "Tharp!".
Sobre canções norte-americanas
dos anos 30 a 50, "66" refere-se à
famosa estrada que nos anos 40 se
tornou a principal rota para o oeste
americano. Com um estilo que remete a uma das obras mais populares de Tharp, "Nine Sinatra
Songs", "66" foi descartada (talvez
infelizmente) por causa das sugestões brasileiras de "Yemayá".
Inspirada nos rituais de Santeria,
que em Cuba cultuam uma deusa
dos oceanos que corresponde à Iemanjá dos iorubás, "Yemayá" usa
músicas tradicionais cubanas de
percussão, além de composições
de Ruben Gonzalez.
Tharp explica que se inspirou em
esculturas africanas e hispânicas
para coreografar alguns trechos.
Embora não narrativa, a peça tem
como personagens um homem
que idealiza em uma mulher a força sobrenatural da rainha das
águas.
"A água como sustentação da vida e o ritmo das ondas inspiram alguns movimentos", diz Tharp.
(AFP)
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